É bem provável que esta lista seja maior do que 10 atitudes, mas resolvi selecionar as principais, as quais os clientes tinham o dom de me deixarem bem puta e com vontade de demiti-los sem dó.
1 – Chegar atrasado ou dar bolo
Sempre tive um planejamento de horários muito certinho na rotina, principalmente quando atendia os clientes no flat. Na minha época de auge na prostituição, quando marcava vários programas no mesmo dia, tinha uma agenda onde controlava cada um. Para atender o máximo que conseguisse num dia, marcava um programa para outro com apenas 20 minutos de diferença, pois era tempo suficiente para eu fumar um cigarro em paz, passar um pano no chão para limpar o banheiro e o quarto, comer algo rapidamente caso estivesse com fome, fazer uma nova make, enfim, estar pronta para o próximo.
Tinha dias que esta rotina fluía lindamente, mas era comum rolar atrasos, quando era no máximo 10 minutos, eu dava um jeito no próximo intervalo: deixava de fumar, de comer ou até mesmo finalizava a organização do ambiente na frente do próximo cliente, enquanto conversávamos. O problema é quando o atraso era muito longo, isso me deixava louca, pois deixar de atender um cliente que chegou bem atrasado, significava deixar de ganhar dinheiro, algo que eu obviamente não queria.
Eu odiava demais passar por isso, afinal se um atrasava demais, já era suficiente para desandar todo meu planejamento de horários do dia. E infelizmente nem todos compreendiam a situação. Assim como todos os profissionais que atendem com horário marcado, o cliente de uma acompanhante também precisa respeitar a pontualidade e precisa pensar que ela tem outros compromissos durante o dia, não pode se achar rei e pensar que é o único para ser atendido.
Eu odiava também quando recebia bolo, sem satisfação. Muitos clientes tiveram cuidado em desmarcar o programa com antecedência ou até mesmo em cima da hora e tudo bem, imprevistos acontecem, o problema era quando o cliente sumia e não cumpria com o combinado. Estes iam para a minha lista negra sem pensar duas vezes, eu deixava de confiar, pois se deram bolo uma vez, poderiam ter a mesma atitude em outro momento e eu preferia não arriscar de perder tempo e ficar à toa por causa de cliente furão.
2 – Insistir beijo na boca
A maioria das garotas de programa que conheci tinha como uma das regras não beijar na boca. Eu também preferia não ter esta troca de carinho, mas tive algumas exceções, se rolasse muita vontade durante a transa, deixava rolar, mas não era algo que acontecia sempre e eu precisava querer muito. O problema era quando o cliente insistia demais – mesmo eu já ter avisado que não beijava na boca – mas durante o sexo, ficava tentando de todas as maneiras como se eu fosse ceder, quando na verdade eu pegava ranço rapidamente.
A acompanhante entende que beijar na boca é gostoso durante o sexo, por isso mesmo guarda esta troca de intimidade com quem tem um relacionamento afetivo.
3 – Pedir desconto ou querer pagar por apenas algo do tipo: “Só quero fazer sexo anal, quanto que você faz por mim?”.
Oi??? Como se pudéssemos desintegrar uma parte do nosso corpo apenas para satisfazer um único desejo do cliente. Para mim, nunca teve este papo, até mesmo porquê sexo anal dói e o fato de querer apenas isso, por exemplo, não me garantia que o cliente ia usufruir do meu tempo por apenas 10 minutos e que eu seria mais beneficiada do que ele, por isso mesmo o valor do meu cachê sempre foi um pacote completo, incluindo anal. Eu não dava desconto de jeito nenhum, nem para casos do tipo: “Mas não vou fazer anal”, “Será apenas uma rapidinha”, “Só quero gozar rapidinho na sua boca”. Nenhum argumento me convencia a conceder desconto. Era o preço total que eu cobrava ou nada feito.
Sei que muitas acompanhantes trabalham com um valor para meia hora e outro para uma hora, mas particularmente eu não via vantagem em atendimento com metade do tempo, sempre preferi focar apenas no período de 1 hora mesmo.
Cliente tem que saber que o combinado não sai caro, isso inclui a questão do cachê x tempo de duração do programa. Além disso, precisa ter consciência que acompanhante precisa ser respeitada como uma profissional como em qualquer outra área. Ninguém paga uma consulta médica, por exemplo, e pede ao doutor para que cobre apenas o equivalente ao tempo do atendimento. Seu caso na consulta foi resolvido em apenas 20 minutos? Pois terá de pagar o valor integral mesmo assim. Cada profissional tem seu preço e paga quem quer.
4 – Não tomar banho
A falta de higiene do cliente era uma das coisas que eu mais odiava. Não sei o que passa na cabeça de um homem que quer fazer sexo com uma mulher, seja ela prostituta ou não, e não se preocupa em proporcionar um corpo cheiroso. Tive clientes que me deram como desculpa que não podiam tomar banho porque não podiam ficar com cheiro de outro sabonete para evitar que as esposas sentissem um perfume diferente, mas isso jamais me convenceu. Não queria usar sabonete? Eu dava um jeito de entrar embaixo do chuveiro junto e limpar bem o saco e o pau apenas com água, mas era a minha garantia que as partes íntimas estariam pelo menos limpas para mim.
Cliente tem que saber que tomar banho antes do atendimento é o mínimo que ele pode oferecer para as acompanhantes.
5 – Tapas apenas com permissão
Já levei cada tapa do nada, me deixando assustada ou com dor. Nem todas mulheres gostam de receber tapas, quanto menos sem permissão. É agressão física e passa longe de causar prazer. Pergunte antes se te permite dar um tapa, se ela quer, se sente prazer.
E sempre é bom lembrar que é importante que você tenha bom senso em relação a sua força. Não é apenas ser sem permissão, é questão também de não machucar. A linha é muito tênue entre machucar e dar prazer. Seja sempre o cliente que causa prazer.
6 – Enfiar o dedo sem permissão
Assim como acontece com tapas, enfiar o dedo sem permissão também não causa prazer, apenas desconforto. Eu sempre odiei levar dedada sem querer, sem pedir, principalmente durante sexo oral. Nas vezes que senti vontade, eu pedi.
Já dedo no cu, eu nunca aceitei. Amo fazer sexo anal, mas odeio fio-terra em mim. Meu corpo, minhas regras. Cliente precisa entender que cada corpo tem suas próprias regras. Simples assim.
7 – Morder o bico do seio com força
Essa é outra atitude que sempre me causou pavor. Levar mordidinhas nos bicos, dependendo do meu nível de tesão com quem estivesse comigo, eu sempre curti. O problema era justamente quando o cliente mordia com força sendo que eu já não estava sentindo prazer algum, então essa atitude me irritava muito, além de me causar dor. E essa situação aconteceu várias vezes.
Cliente precisa saber que os bicos dos seios são áreas bem sensíveis e que nem sempre uma mordida é bem-vinda.
8 – Fazer sexo oral ruim e achar que está arrasando
Homens que sabem fazer oral dignamente estão em extinção. Tive várias experiências péssimas, que eu tinha apenas vontade de sentar na cama e chorar, daí eu olhava para o cliente e ele estava lá fazendo cara como se estivesse arrasando na performance, então a vontade de chorar passava e queria rir. Tentava fazer algo que ele percebesse que estava péssimo para mim e que por mais que eu me esforçasse, nem fingir prazer eu conseguia.
Parava de gemer, mexia meu corpo me afastando da boca dele e por fim dizia: “Deixa eu te chupar agora” ou então “me coma”. Simplesmente fugia.
Se qualquer mulher ( acompanhante ou não ) te puxar para cima quando você estiver fazendo sexo oral nela, saiba que tua missão falhou.
9 – Forçar romantismo inexistente
Sabe quando não rola química nem afinidade, mas mesmo assim após a transa a pessoa quer ficar agarrada como se fossem namorados, sendo que a falta de prazer por parte da acompanhante foi bem notória? Pois é, é disso que tô falando. Eu odiava quando isso acontecia. Depois de uma transa ruim para mim, não fazia o menor sentido ficar abraçada com o cliente na cama. Preferia ir para o segundo round sem pausa a forçar um romance inexistente.
Cliente precisa saber quando a acompanhante quer dar e receber carinho, pois romantismo forçado irrita. E muito.
10 – Comparar o meu performance sexual
Comparar sexo com a de outra acompanhante é como comentar a performance sexual da ex namorada com a atual. Mesmo que a comparação seja positiva para quem esteja ouvindo no momento. Ser comparada positivamente não enchia meu ego, eu apenas não queria saber detalhes se meu sexo era melhor ou pior do que de outra.
Cliente precisa saber que da mesma maneira que não gosta de ser comparado com outros homens, é desnecessário e deselegante comparar a performances sexuais de acompanhantes ( aliás, de qualquer mulher )!!
Sobre a autora
Raquel Pacheco, a Bruna Surfistinha, é escritora e ex-acompanhante. Desde maio de 2023, escreve contos duas vezes por mês para o Fatal Blog.
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