Diz-se que é uma relação monogâmica aquela onde um indivíduo tem apenas um parceiro sexual e amoroso, podendo durar a vida toda ou apenas um período de tempo, já aqueles que se relacionam com mais de um parceiro simultaneamente são ditos poligâmicos.
A maioria da população é adepta à monogamia, comportamentos diferentes disso ainda não são bem aceitos ou vistos em sociedade. Mas você sabia que nem sempre estes conceitos de relação existiram? De acordo com o historiador Christopher Ryan, nossos ancestrais eram “promíscuos, hipersexuais e desinibidos sobre o assunto”.
Desde Quando?
Tudo começou quando surgiu a propriedade privada, segundo o teórico Friedrich Engels, quando passamos a nos apropriar de terras surgiu a necessidade de se certificar da paternidade dos herdeiros, a fim de se manter os bens na família, não havendo nenhuma relação da monogamia com sentimentos como amor ou paixão.
Essa ligação entre sexo, amor, casamento e monogamia só surgiu em virtude do cristianismo, como forma de instituir ideais e “estimular” relações neste formato, quando a real finalidade ainda era material, mas com o passar do tempo acabamos condicionados a acreditar que esta é a forma correta e normal de nos relacionarmos amorosamente.
“Somos monogâmicos porque somos pobres”
Se a monogamia surgiu como forma de assegurar bens materiais à família, algo que é praticamente indiscutível, podemos ser levados a crer que quando estes bens estão totalmente garantidos por gerações, não se faz mais necessário ser monogâmico.
O sexólogo espanhol Manuel Lucas Matheu, presidente da Sociedade Espanhola de Intervenção em Sexologia e membro da Academia Internacional de Sexologia Médica, em entrevista à BBC News diz que: “Nós somos monogâmicos porque somos pobres. É só observar nossa sociedade para compreender: os ricos não são monogâmicos, na melhor das hipóteses são monogâmicos sequenciais – ao longo da vida têm vários parceiros consecutivamente, um atrás do outro. Os que não são ricos não podem ser monogâmicos sequenciais, porque se divorciar ou separar causa um enorme dano econômico. E a poligamia também é muito cara.” Isso pode até soar engraçado, mas analisando a razão do surgimento da monogamia, faz muito sentido.
A Infidelidade então é Justificável?
Monogamia não é natural, não biologicamente. Se tratando de instinto, homens tendem a procurar várias parceiras a fim de espalhar seu material genético, e mulheres, estando no auge reprodutivo, irão procurar homens viris, com bons genes sem necessitar qualquer envolvimento romântico, em ambos os casos.
Tendo isso em vista, como burlar um instinto genético tão forte para se manter nos padrões de relacionamento ideal, segundo a sociedade, e se manter fiel? Fato é que algumas pessoas têm maior facilidade e são realizadas com relações assim, mas nem todas.
A frase “se procura na rua o que não se tem em casa” não é bem verdade. É fato também que a insatisfação com o parceiro é uma das principais razões, mas problemas de autoestima e necessidade de auto afirmação parecem estar superiores a isso, na minha opinião.
Flerto, Logo Existo
Algumas pessoas têm uma necessidade incontrolável de conquista, e isso acontece ainda que já se tenha uma relação satisfatória, são as chamadas Síndrome de Afrodite ou Don Juan, nomes autoexplicativos.
O pesquisador da psicologia da masculinidade preta e questões raciais, João Luiz Marques, diz que “alguns homens desenvolvem um transtorno narcisista: querem ser admirados, sentem-se superiores e lhes falta empatia. Eles não amam as mulheres, mas sim a conquista”. O mesmo se aplica a mulheres com o mesmo transtorno, é claro.
O flerte virtual facilitou muito o sucesso de quem sofre da síndrome, uma vez que a facilidade para encontrar e seduzir está a um clique de distância, e se relacionarmos isso com o aumento do número de divórcios hoje em dia, podemos dizer que estão diretamente ligados, mais uma barreira para se manter nos padrões monogâmicos.
Sem Sentimento é Traição?
Uma frase que escuto muito nos meus atendimentos a homens casados é: “sem sentimento ou envolvimento, não é traição, não me sinto culpado”. Algumas mulheres já me relataram sentir o mesmo, posso dizer que eu mesma já senti isso. Algumas pessoas são intolerantes a qualquer tipo de infidelidade, com ou sem amor. Eu aprendi a não julgar e ver o lado instintivo.
Se nossos antepassados não faziam vínculos monogâmicos e tampouco relacionavam sexo com amor, é quase natural haver resquícios desse comportamento em nós hoje, não que eu esteja defendendo ou justificando a infidelidade, mas analisando atitudes que tomamos de forma insconsiente e instintiva, seria a poligamia uma delas?