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Acompanhantes e nomes fictícios: porque usamos ou não

Acompanhantes e nomes fictícios: porque usamos ou não

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Redação josef.santos

3 minutos de leitura

Uma das primeiras coisas notadas por quem procura uma acompanhante é o nome. Geralmente inventados por elas para serem nomes fortes, únicos, às vezes auto explicativo, sensuais, e sobrenome, para facilitar a procura do cliente depois que a conhece.

A expressão “nome de guerra”, vem do exército, onde cada militar recebe um nome único baseado em seu sobrenome. Pesquisando sobre como este termo parou no meio erótico, acabei ficando sem respostas, e acredito que a relação seja em ser um nome único, não havendo outro igual, e às vezes, realmente porque temos uma batalha para lutar.

Há ainda o fato de muitas acompanhantes serem atrizes na hora do atendimento, fazendo coisas e sendo uma pessoa diferente daquela que ela é na “vida real”, daí então a necessidade de um nome artístico, já que naquele momento ela se torna outra pessoa.

Mas será que é só por isso? Conversei com algumas acompanhantes, e vou te contar os principais motivos que nos levam a utilizar outro nome, ou não.

Privacidade

O mais comum ainda são acompanhantes que não mostram o rosto, nem se identificam de qualquer forma, tem tatuagens removidas no Photoshop e o nome passa a ser diferente por uma questão de sigilo.

As razões para escolher não ser identificada são muitas, como o preconceito que enfrentaria se expondo, julgamento da família, vergonha, ou simplesmente por ser um trabalho que será passageiro. Sabemos o quanto essa profissão nos marca, podemos atuar como acompanhantes por anos, meses ou semanas, que seremos julgadas como tais para sempre, e de forma pejorativa e desrespeitosa, na maioria das vezes.

Assim como o cliente quase sempre busca por um atendimento totalmente sigiloso, nós também temos o direito e a necessidade de realizar o mesmo.

Separar a profissional da vida pessoal

Você já deve ter ouvido a expressão “vida dupla” relacionada ao nosso meio. E quase sempre é isso mesmo, dificilmente agiremos com um cliente da mesma forma que vamos agir com um namorado ou qualquer pessoa da nossa vida pessoal.

Mas isso é básico em qualquer profissão que lida com atendimento ao público, no trabalho você releva coisas, “engole sapos”, trabalhará mesmo querendo ficar em casa, porque você precisa e ponto final, com a gente não diferente, só é mais difícil.

Lidamos com o íntimo das pessoas, e quando digo íntimo não falo apenas de sexo, mas de ouvir o que aquela pessoa não tem coragem de dizer a mais ninguém, e muitas vezes o assunto é pesado.

Precisamos aprender a separar quem somos com um cliente, e quem somos na nossa vida pessoal, o que não é nada fácil, mas não exclui a possibilidade de você ainda ser uma pessoa real e curtir o momento, com o cuidado de não absorver tudo que lhe é dito, e é quando não conseguimos fazer isso, que acabamos deprimidas ou até apaixonadas por um cliente, o que pode ser uma boa experiência, ou não.

Porque decidi usar meu nome real

Isso quase sempre gera assunto nos meus atendimentos, porque praticamente todo cliente nos pergunta nosso nome real, e quando digo que o meu é este mesmo, ficam ou perplexos, ou não acreditam em mim (só quando fazem o pix, aí o choque é maior ainda quando vem a certeza haha).

Mas o espanto em saber disso é aceitável, visto que eu também não tenho conhecimento de outra acompanhante que use nome e sobrenome reais. Mas nem sempre foi assim, já atuei como acompanhante em outros períodos da minha vida, usava o nome Camille, e recentemente antes de mostrar meu rosto, eu era a Fernanda Bauer, simplesmente o primeiro nome que veio na minha cabeça foram esses, e ficaram. 

Quando era a Camille, eu fazia coisas que não gostava, por curiosidade e, porque pensava que era necessário para conseguir trabalhar, então eu realmente era outra pessoa naquele momento, mas não me fazia bem agir assim e trabalhei por pouco tempo.

Anos depois, após casar e me separar, fui a Fernanda por apenas dois meses e mudei para meu nome real, foi quando decidi que mostraria meu rosto e assumiria publicamente minha profissão, não vi mais sentido em não ser eu mesma, logo, usaria meu nome real.

Seja de verdade, agradando ou não

As pessoas te julgam por tudo, independente de profissão, mas quando se é acompanhante, com nome real exposto para todo mundo ver, isso parece conceder um falso direito às pessoas de acharem que podem opinar e falar sobre meu trabalho a qualquer hora e lugar.

Psicologicamente, para mim, ficou mais fácil ser eu mesma sempre, ainda que tenha que lidar com essas coisas. Passei a não fazer mais nada em atendimentos que realmente não me agrade, sou a vendedora que fala para o cliente que a roupa ficou feia, digamos assim.

E acabou dando certo, já que quando você é tão real, quando demonstra que gosta do que está fazendo, passa a certeza disso, e acredito que estamos todos carentes de realidade, num mundo onde cada vez mais tudo é virtual e falso, ser quem você é, com toda a sua essência passou a se tornar nosso maior diferencial como ser humano.

O direito de escolher o sigilo ou a exposição é de todos, e também é de todos o direito ao respeito, independente de escolhas ou profissões.

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