Embora a palavra prostituta seja carregada de preconceito, a história por trás do Dia Internacional Da Prostituta merece ser contada.
Em 1975, um grupo de mulheres profissionais do sexo ocupou a igreja de Saint-Nizier, na cidade de Lyon, na França. O motivo? Protestar contra multas recebidas, detenções e até mesmo assassinatos de colegas que não eram investigados. Ou seja: era uma luta que reivindicava, acima de tudo, dignidade para classe.
Essas mulheres queriam que seu trabalho fosse respeitado e considerado tão útil quanto qualquer outro para o país. No entanto, embora o movimento tenha ganhado força em outras regiões, passado certo tempo de ocupação, as profissionais acabaram sendo expulsas da igreja, de maneira brutal, pela polícia.
Pela coragem de romper o silêncio, de denunciar o preconceito a discriminação e as arbitrariedades sofridas, o dia 2 de junho ficou marcado como o Dia da Prostituição – ou o Dia da Prostituta.
Ainda assim, não há como negar que “prostituição” e “prostituta” são palavras que atraem ainda mais preconceito a essa classe trabalhadora, trazendo uma conotação de trabalho ilegal e de profissionais marginalizados.
Prostitutas? Não! Profissionais do sexo
Fale a verdade: quando você escuta alguém falar em “prostituição” e “prostitutas (os)” você não sente que essas nomenclaturas soam um tanto quanto pejorativas? Prostituição, por si só, remete a trabalho ilegal, forçado, pautado na exploração sexual (principalmente de mulheres) em troca de dinheiro.
É por isso que não é raro associarem prostituição ao rufianismo, que é quando outra pessoa recebe o lucro pelo trabalho desempenhado por algum profissional do sexo (os populares “cafetão” ou “cafetina”). É importante realizar uma ressalva: não estou dizendo que a prostituição, da forma como citei até aqui, que envolve exploração sexual, não exista. Infelizmente existe e é mais comum do que se imagina.
Porém, devemos entender por quais motivos, a profissão ainda é um grande tabu na sociedade em geral, mesmo após tanta evolução, diversas vertentes julgam e tem preconceito com os profissionais do sexo e a vida que eles(as) decidem levar.
Existem muitos que trabalham honestamente, por livre escolha e gostam muito da sua profissão. Por isso não é justo utilizar a palavra “prostituta” de uma forma pejorativa, ou dizer que trabalham com a prostituição. Essas pessoas são profissionais do sexo, acompanhantes ou qualquer outro nome que não venha com a carga preconceituosa instaurada.
Por qual motivo a Fatal Model não utiliza a palavra prostituta ou prostituição?
Mas o nome importa? Sim, e muito! Esse é o primeiro passo para desfazer os tabus que a sociedade tem sobre quem trabalha nesse ramo.
Segundo pesquisas na plataforma, 81% dos anunciantes não gostam de ser chamados(as) de prostitutos(as). O motivo desse resultado vem dos pontos que já retratamos no texto e em vários outros momentos aqui na Fatal, o estigma que sempre foi criado acerca da profissão.
Atualmente, muitos desses acompanhantes, só são chamados de prostitutos(as) em conotações negativas, carregadas de preconceito. Esses profissionais só querem o direito de trabalhar com segurança e respeito, como em qualquer outra profissão.
Por isso, respeitando a decisão dos trabalhos do ramo sexual, nós da Fatal Model não utilizamos a nomenclatura prostituição, mas sim, acompanhantes, profissionais do sexo, trabalhadores sexuais, etc. E é exatamente isso que essas pessoas são, profissionais, e é por isso que a Fatal Model luta.
Profissionais do sexo: profissão como qualquer outra
Lembra no início do texto que mencionei que uma das revindicações das profissionais do sexo, lá em 1975, era que seu trabalho fosse respeitado e considerado tão útil quanto qualquer outro? Essa continua sendo uma necessidade nos dias de hoje, não é mesmo? Infelizmente, a profissão ainda não atingiu seu patamar de igualdade perante as demais.
Nossa sociedade ainda é extremamente preconceituosa com os acompanhantes, e os profissionais ainda precisam de muita luta para que seu ofício seja reconhecido e suas reivindicações atendidas.
Lembra o que aconteceu com as mulheres que ocuparam a igreja como forma de protesto e visibilidade? Foram expulsas, sem chance de defesa. Esse episódio poderia ser facilmente repetido nos dias de hoje, embora tenham se passado mais de 40 anos.
Isso significa que, embora muitas batalhas sejam perdidas, a luta precisa continuar. Profissionais do sexo precisam de união da classe para mostrar à sociedade que merecem o seu espaço, reconhecimento e, acima de tudo, respeito.
