Curitiba, em muitos aspectos, pode ser considerada uma das capitais mais promissoras do país. A cidade é referência nacional em planejamento territorial e qualidade de vida, além de contar com uma população economicamente acima da média da maioria das capitais brasileiras. Porém, é claro, nem tudo são flores.
Um dado que não orgulha em nada aos curitibanos é que a cidade tem um dos maiores números de pontos de exploração sexual infantil do país. Os principais pontos são encontrados na Praça Tiradentes, no Largo da Ordem e na Praça Osório. Ainda, próximo ao Jardim Botânico, um dos cartões postais de Curitiba, já foram encontradas garotas de 8 anos em situação de exploração sexual.
Além desses locais específicos, há rodovias federais do estado (Paraná) que também concentram inúmeros pontos de exploração sexual infantil na região, conforme dados da Polícia Rodoviária Federal (PRF). Só para se ter uma ideia, a polícia classifica a periculosidade da região para esse tipo de problemática nas categorias crítica e de alto risco.
É por isso que, diante dessa preocupante constatação, precisamos ficar atentos para fazer nossa parte enquanto cidadãos, denunciando, sempre que possível, práticas como essa.
Por que a exploração sexual infantil é alta em uma cidade tão promissora?
Parece um tanto contraditório exaltar Curitiba em muitos quesitos, mas, em contrapartida, saber que a capital abriga inúmeros casos de exploração sexual infantil, não é mesmo? Mas o que leva essa cidade a fazer parte de uma estatística tão preocupante?
Um dos motivos é justamente o poder econômico elevado da região (embora isso também possa parecer contraditório). É o que é observado principalmente nos pontos de exploração localizados nas rodovias que cortam o estado. A PRF acredita que os pontos de risco estão concentrados na região por se tratar de locais onde há grande transporte de riqueza – atraindo os mais diversos tipos de prostituição (inclusive infantil).
Atrelado a isso, há o problema cultural enraizado em muitas famílias. Para se ter uma ideia, muitos pais e mães estão cientes do que os filhos estão fazendo, mas não interferem devido ao retorno financeiro que eles proporcionam. Mas, mesmo com aval (irresponsável) dos pais, isso é crime, e todo crime precisa ser combatido.
Há iniciativas que visam combater o crime
Sem dúvidas, um dos maiores desafios para enfrentar o problema da exploração sexual infantil, seja em Curitiba ou em qualquer lugar do Brasil, é a falta de colaboração da sociedade. O desinteresse, a desinformação e até a cultura ajudam a manter uma situação de exploração.
Por isso, a existência e incentivo de programas que visam combater esse problema é tão necessário. Uma dessas iniciativas, desenvolvida na cidade de Ponta Grossa, é o “Programa Atitude”, que busca identificar cada caso de exploração infantil e resgatar essas crianças e jovens, dando a elas instrumentos para qualificação pessoal e profissional. O programa também se preocupa em acompanhar as famílias das vítimas para buscar reverter o quadro.
Acontece que, esperar que o poder público ou o trabalho de ONGs resolva o problema não basta. Para que essas ajudas sejam efetivas e resgatem o maior número possível de crianças e jovens, é fundamental fazer a nossa parte – afinal, esse problema é de todos nós enquanto sociedade.
Por isso, cabe aqui o alerta: para denunciar qualquer caso de violência sexual infantil, você pode procurar pelo Conselho Tutelar, por delegacias especializadas, autoridades policiais ou, ainda, ligar para o Disque 100 (um serviço de denúncias e proteção contra violações de direitos humanos, disponível 24 horas).
Somente se estivermos atentos e vigilantes ao nosso redor, conseguiremos contribuir para levar segurança às nossas crianças e jovens em situações de vulnerabilidade. Não devemos fechar os olhos para essa triste estatística de Curitiba, mas procurar meios de poder ajudar a resgatar a infância perdida/roubada desses jovens.
Por fim, cabe ressaltar: o trabalho sexual é permitido no Brasil, mas somente para adultos a partir dos 18 anos. Antes disso, o caso deverá ser tratado como ato criminoso, e deve ser denunciado pelo Disque 100.