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Por que alguns homens confundem acompanhantes com psicólogas?

Por que alguns homens confundem acompanhantes com psicólogas?

Foto de Redação josef.santos

Redação josef.santos

2 minutos de leitura

Você já deve ter ouvido muito por aí que nós acompanhantes também somos em parte psicólogas dos nossos clientes, eu mesma até falei sobre isso em um episódio do Acompanhadas Podcast, mas porque será?

Será que somos nós que instigamos isso neles ou eles veem em nós a oportunidade de um desabafo e até de um pedido de um conselho? Ou talvez ainda um pouco dos dois? Depois que comentei nas minhas redes sociais que estou cursando psicologia, essa confusão aumentou bruscamente, e me peguei pensando nos motivos.

Por que alguns homens preferem uma Acompanhante à uma Psicóloga?

Uma resposta um tanto óbvia seria por conta do auto preconceito de “sou homem, e homem não faz essas coisas”, como se fosse uma diminuição da masculinidade o ato de falar sobre sentimentos. Uma pesquisa feito pelo Instituo Idea diz que apenas 16% dos seus entrevistados responderam que faziam terapia. Em contrapartida, em outra pesquisa, 1 a cada 4 homens já procuraram por uma profissional do sexo por se sentirem solitários.

Pelo que eu percebi ao longo na minha estrada como acompanhante, alguns homens nos procuram de fato acreditando que precisam somente de sexo, quando na verdade sua real necessidade é atenção, carinho, se sentirem ouvidos sem serem julgados, com a garantia de que por sermos profissionais que já vimos de tudo, ele será apenas mais um que não irá nos surpreender e nem mesmo iremos lembrar do problema dele a ponto de julgarmos, e ele ainda poderá ter isso tudo sem fugir do padrão social que força o homem a ser sempre viril e transante.

Acompanhantes não confrontam

Ou pelo menos é o que eles imaginam. Existe esse “folclore” (uma colega de profissão usou esse termo e adorei) de que acompanhantes além de não escolherem quem vão atender, não se opõe a nada, concordam com tudo que o cliente diz e ainda vão puxar o saco para garantir que ele volte. Lamento dizer que ao menos eu, não sou assim.

Numa sessão de terapia, se você falar uma asneira muito grande ou estiver errado, o profissional irá te ajudar e talvez até apontar os seus erros, tornando as coisas mais desconfortáveis. Homens com dificuldade em serem confrontados, que preferem serem ouvidos, mas não ouvir, naturalmente se sentirão mais à vontade com uma acompanhante, alguns até nos julgam com menor intelecto e assim menos capazes de identificar neles um problema.

Lembro até de um atendimento, onde um professor de filosofia me chamou apenas para conversar e, com traços claramente narcisistas, queria apenas se sentir mais inteligente do que eu e ficou terrivelmente desconfortável quando notou que eu tinha condições de acompanhar a conversa.

Qual nosso papel como acompanhantes afinal?

Devemos então passar a exercer um desvio de função e virarmos psicólogas dos nossos clientes? Não, de maneira nenhuma.

Primeiro que se você não tem formação nessa área, não terá plenas condições de atender dessa forma, segundo, e pior ainda, se tiver formação jamais poderá ter a mesma intimidade de uma acompanhante com um paciente. Hoje eu como acompanhante e estudante de psicologia, acredito que meu papel nessa profissão, além da parte física, é ouvir as dores do meu cliente e ao invés de tentar saná-las, instigá-lo a se for o caso, procurar o tipo de profissional que ele realmente precisa.

Os homens precisam entender que não há nada de errado e que os torne menos “machos” conversar com alguém sobre seus problemas e buscar ajuda, errado é achar que tudo se resolve com sexo.

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