Talvez até mais cercada de tabus do que a própria homossexualidade, a bissexualidade masculina (sentir atração tanto por homens quanto por mulheres) ainda é mascarada por muitos homens (que preferem, na maioria das vezes, negá-la) e pouco debatida na nossa sociedade como um todo. E isso pode se tornar um grande problema a curto, médio ou longo prazo.
Acontece que a sexualidade é parte fundamental da identidade humana, e a diversidade de orientações sexuais é um aspecto enriquecedor da nossa sociedade. No entanto, enquanto alguns tópicos relacionados à sexualidade têm sido amplamente discutidos e aceitos (que assim continue!), outros ainda permanecem censurados, acobertados – como é o caso da bissexualidade masculina.
E, já que precisamos, cada vez mais, dar voz a esse tema, evitando que homens encarem problemas psicológicos, sociais e amorosos gigantescos – seja por medo do preconceito ou por desconhecimento – o artigo de hoje é destinado a esse tema. Então, vamos falar sobre a bissexualidade masculina?
Mais um tabu que precisa ser quebrado na nossa sociedade
A bissexualidade masculina é frequentemente cercada por estigmas e preconceitos enraizados na sociedade. Um dos principais motivos acaba sendo a persistência de uma visão binária da sexualidade, que dita que uma pessoa deve ser exclusivamente heterossexual ou homossexual.
E, já que a bissexualidade, por ter uma natureza mais fluida, flexível, desafia essa noção simplista, é, portanto, frequentemente mal compreendida (principalmente, é claro, por aqueles que já carregam um tanto de preconceito consigo). Afinal, para muitas pessoas, sentir atração tanto por homem quanto por mulher é algo difícil de compreender.
Mas, acredite: há inclusive vertentes da psicologia que afirmam que todo ser humano pode ter uma inclinação bissexual. Ou seja: todos nós podemos estar sujeitos a sentir atração por ambos os sexos. Por isso esse assunto pode ser mais natural do que se imagina.
Outro problema que gera esse tabu é que existem estereótipos negativos associados à bissexualidade masculina, como a ideia de que os bissexuais são indecisos, promíscuos ou estão apenas buscando atenção. Esses estereótipos, infelizmente corriqueiros, apenas desencorajam os homens bissexuais a se abrirem sobre sua orientação sexual, por medo de serem julgados, rejeitados ou até mesmo alvo de violência.
O silêncio masculino em relação à bissexualidade
Por que os homens bissexuais pouco falam sobre o assunto? Por diversos fatores sociais, culturais e pessoais. Isso ainda acontece porque, infelizmente, para muitas pessoas, a masculinidade é associada à heterossexualidade e qualquer desvio dessa norma pode ser percebido como uma ameaça à identidade masculina tradicional.
Logo, os homens que se identificam como bissexuais podem temer serem rotulados como “menos masculinos” ou terem sua masculinidade questionada, o que contribui para a sua relutância em falar abertamente sobre sua orientação sexual.
Além disso, há a pressão social para se encaixar nas expectativas e normas estabelecidas. Os homens são frequentemente incentivados a reprimir emoções e sentimentos que possam ser considerados “femininos” ou “não masculinos”, e falar sobre a bissexualidade pode ser interpretado como uma quebra dessa expectativa de comportamento masculino.
Falta representatividade
Outro fator que contribui para o silêncio do público masculino é a falta de representação e visibilidade bissexual na mídia e na cultura em geral. Enquanto a homossexualidade, por exemplo, já é bastante retratada e discutida, a bissexualidade masculina ainda é pouco representada e muitas vezes invisibilizada.
Essa ausência de modelos positivos e a falta de narrativas bissexuais encorajadoras dificultam que os homens bissexuais encontrem referências com as quais se identifiquem e se sintam confiantes em compartilhar sua orientação sexual.
Acontece que há, mas é preciso que haja cada vez mais, espaço na nossa sociedade para aceitar e debater absolutamente todas as orientações sexuais possíveis. Esse é nosso dever enquanto cidadãos: não propagar a segregação, mas a união entre todos, independentemente de orientação sexual.
Romper com os estigmas e preconceitos associados à bissexualidade masculina é fundamental para criar uma sociedade mais acolhedora e compreensiva. Por isso, é necessário incentivar o diálogo, promover a visibilidade e a representatividade, a fim de garantir que os homens bissexuais se sintam seguros e apoiados para se expressarem livremente.