Quando comecei a fazer programas, eu era totalmente ingênua e travada por ter tido poucas experiências sexuais. Minhas únicas preocupações eram deixar o cliente satisfeito e receber meu cachê tranquilamente. Demorei alguns dias para me soltar e encarnar a Bruna Surfistinha que já habitava dentro de mim. Uma colega me deu dois conselhos necessários: “Fale bastante sacanagem e finja que está gozando, gemendo bem alto como se estivesse de fato com MUITO tesão. Os homens piram com isso e gozam rapidinho.”
Resolvi testar isso no programa seguinte após esta conversa. E não é que deu certo? E foi então que comecei a me sentir uma grande atriz que a Globo estava perdendo. Eu atuava direitinho, afinal não são apenas os gemidos, mas a respiração ofegante acompanhada dos elogios como se aquele pau fosse o melhor do mundo. Eu enganava tão bem que tive um cliente que no final do programa me disse todo orgulhoso: “Você teve orgasmos múltiplos comigo, parei de contar no quinto!”. Mal ele sabe que tive um total de zero orgasmos.
Eu nunca associei o fato de não gozar com falta de prazer. Muitos clientes conseguiram me proporcionar prazer mesmo que eu não tenha conseguido ter um orgasmo real. E nem posso culpá-los, pois demorei pra entender que eu podia me permitir gozar também e que poderia me beneficiar além de estar ganhando dinheiro por aquilo. Foi um desbloqueio que precisou rolar dentro de mim.
Tive muitos clientes que já chegavam com sede ao pote e eram três sanfonadas e o forró acabava, mas tive vários que se deixasse, o forró se tornava uma rave. E foi com um desses que me libertei e liberei meu orgasmo.
Ele me pegou de vários jeitos possíveis, praticamente um mestre do Kama Sutra, até que depois de toda a performance maravilhosa, se cansou e me avisou que queria gozar comigo cavalgando sobre ele. Como boa guerreira, aceitei este desafio e fui pra luta. E eu estava lá, sobre ele, entre cavalgadas, palavras de putarias, pedindo pra ele morder os bicos dos meus peitos e estava tudo fluindo bem, gemidos dos dois lados até que senti que ia gozar de verdade. Acelerei meu movimento da cavalgada, o avisei que gozaria e ele me disse: “Vou gozar com você!!!”. Foi o que eu precisava ouvir pra me dar ainda mais tesão. Quando ele segurou forte na minha cintura, foi o ápice. Eu não gozei, mas digo que explodi após tantos orgasmos falsos.
Foi o primeiro cliente que me fez gozar. Depois do desbloqueio realizado com sucesso, eu queria mais, mas como nosso tempo estava acabando, ele decidiu me fazer gozar na boca dele, algo que eu também duvidei que aconteceria, mas conseguiu dignamente. Fiquei tão emocionada com esse cliente que resolvi fazer caridade e não cobrei o cachê dele de tão gostoso que foi pra mim.
Esse cliente foi muito bem retratado no filme Bruna Surfistinha pelo ator Juliano Cazarré.
O primeiro orgasmo com um cliente a gente nunca esquece.
Aviso: As opiniões apresentadas no texto representam o ponto de vista da colunista e não expressam, direta ou indiretamente, as opiniões do Fatal Model.
Sobre a autora
Raquel Pacheco, a Bruna Surfistinha, é escritora e ex-acompanhante. Desde maio de 2023, escreve contos duas vezes por mês para o Fatal Blog.
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