“Mulher não paga por sexo porque sempre tem alguém interessado nela”. Este é o pensamento de muitas pessoas quando o assunto é sobre mulheres contratarem acompanhantes. Existe esse mito de que toda e qualquer mulher sempre tem ao menos uma pequena lista de homens interessados nela, mas infelizmente não é verdade, sei por experiência própria, e ainda que haja, quase nunca são homens que nós também nos interessamos, e olha que nem estou falando de altas exigências, até educação básica está faltando.
E supondo que tivéssemos essa tal lista incrível (que eu nunca nem vi), também queremos a praticidade, também temos desejos e curiosidade assim como homens que contratam profissionais do sexo.
Ultimamente (isso se já não foi sempre assim), mulheres sexualmente livres e decididas, empoderadas, independentes, e se tratando de aparência, até as mais altas (meu caso) passam certas dificuldades pra encontrar alguém, seja sério ou casual, e segundo os próprios homens, elas assustam, intimidam, e tem ainda o pensamento de “ela já deve ter vários atrás dela, nem vou tentar” e assim todos pensam, e ninguém tenta nada.
Neste dia internacional da mulher trago a vocês o ponto de vista da Carla sobre tudo isso, uma gerente de projetos de 37 anos, solteira, morando em São Paulo, que passou a ter experiências com acompanhantes homens e desde então virou fã do serviço.
Quando e como surgiu pela primeira vez a vontade de contratar um acompanhante?
Ao final da pandemia, em 2021, retomei os aplicativos de relacionamento pra tentar conhecer novas pessoas. Foram encontros tão frustrantes, que cheguei a cogitar pela primeira vez contratar um acompanhante. Mas veio à minha mente o estereótipo de profissionais nas ruas da noite paulistana, pois era a referência que eu tinha. A cena imaginária de passar sozinha de carro, à noite, procurando um desconhecido em uma esquina pra levar pro motel me deixou apreensiva e com medo, pela minha segurança. Então descartei a ideia.
Por onde começou a procura?
Eu não fui exatamente à procura, foi o algoritmo que me encontrou. Certa noite, eu estava assistindo reels sugeridos pelo Instagram. Passando por vários na sequência, quando um em especial prendeu minha atenção. Era um vídeo de humor sobre um acompanhante atendendo uma cliente. Não tinha nada explícito, o tom era leve e divertido. Eu gargalhei com as caras e bocas, achei uma sacada talentosa e criativa!
E aqui a Carla está falando dele, nosso ilustre embaixador Gabe Spec, que também já nos cedeu uma entrevista.
Além de achá-lo atraente e comunicativo, os conteúdos e anúncio me transmitiram credibilidade e segurança. Dois dias depois estava no meu primeiro atendimento com ele.
Quais são seus critérios na hora de escolher um acompanhante? O tamanho do “documento” é um deles?
Esse detalhe compõe o todo e não se tornou o fator de decisão. Pra mim, conta muito mais a comunicação, ver o texto de apresentação em que o profissional pode transmitir a mensagem do que tem a oferecer pra cliente, de forma objetiva mas sem perder o cuidado, a gentileza e o respeito.
Como foi com relação a segurança? Teve alguma preocupação específica?
Eu me preocupei com o fato de ir até o local próprio do profissional para o atendimento. Mas o endereço me transmitiu credibilidade também, por ser em uma região com maior segurança.
Conta para as amigas suas experiências com as contratações? Se sim, o que elas costumam dizer a respeito?
Tem gente que não está preparada para essa perspectiva, de uma mulher contratando um profissional do sexo. Mas para as amigas que contei, elas me apoiaram em um primeiro momento e ficaram curiosas, querendo saber como foi. Me perguntam muito se o profissional foi bom no ato em si e se não foi mecânico. Eu só faço propaganda positiva, porque minha experiência foi ótima! Natural, fluida e deliciosa!
Já sofreu preconceito por ser contratante?
Considerando preconceito como "sentimento hostil, assumido em consequência da generalização apressada de uma experiência pessoal ou imposta pelo meio", sim. Curiosamente, as pessoas que souberam me apoiaram quando fui a primeira vez. Levaram pro lado do empoderamento feminino eu me permitir essa experiência uma vez, já que tinha feito bem pra minha autoestima.
Mas quando me tornei cliente fixa senti o julgamento alheio (sobre mim e sobre o profissional).
– Indo com essa frequência, ele vai pensar que você é rica. E pode te enganar, falar o que você quer ouvir pra tirar seu dinheiro.
– Você vai ficar viciada e não vai conseguir se relacionar com mais ninguém.
– Quanto você gasta com atendimento por mês?
– É muito dinheiro que você gasta com isso.
Eu entendo que quem nunca teve uma experiência como essa remete a muitas coisas ruins. Sobre a preocupação de ser ludibriada, pois sei que existem casos assim, busquei tranquilizar a pessoa que me falou. Vou há 9 meses no mesmo profissional, existe uma troca entre duas pessoas no atendimento. Além do sexo em si, há muita conversa sobre assuntos diversos. E a gente sabe ir reconhecendo, aos poucos, traços da personalidade da pessoa, seus valores e visão de mundo em muitos aspectos. E as atitudes do profissional em questão conquistaram minha confiança. Além disso, é uma via de mão dupla, o profissional também precisa sentir confiança na cliente.
Sobre o aspecto financeiro, me incomoda que as pessoas façam contabilidade com o meu dinheiro muitas vezes a partir da realidade delas. Sou uma mulher independente, bem sucedida e bem resolvida. Eu me dedico muito ao meu trabalho pra ganhar meu salário e pagar todas as minhas contas. Moro sozinha, banco minhas necessidades e também minhas vontades. Sou racional e sei avaliar o impacto no meu orçamento. Penso que é um cuidado comigo mesma que posso me proporcionar todo mês. Da mesma forma que reservo parte do meu orçamento pra academia, personal, viajar, ir à restaurantes, posso alocar parte da verba de lazer pro meu bem estar sexual de forma segura.
É sobre o que comentei acima, as pessoas não esperam que mulheres sejam assim “tão” independentes, certamente não é o tipo de coisa que um homem vá ser questionado.
Depois de contratar, mudou algo em relação à conhecer homens de forma casual?
Minha autoestima se fortaleceu e voltei a ser confiante. Sinto que diminui a ansiedade e consigo deixar fluir as conversas com mais tranquilidade. E só levo adiante quem realmente tem algo a agregar em uma troca gostosa.
Afinal, sexo de qualidade eu já tenho garantido no atendimento. Assim posso explorar com quem me conectar, em um casual de maior qualidade na interação.
O que você busca em um atendimento?
Me sentir desejada, ser bem tratada, poder extravasar meu prazer sem ser julgada ou reprimida.
Busco um casual humanizado, aquele em que a gente não é tratada como uma peça de carne pendurada no açougue. Não é relacionamento sério mas há amizade, respeito, carinho, química e uma troca gostosa. Como cliente fixa consegui encontrar isso, pois de certa forma vai sendo desenvolvida alguma intimidade no decorrer dos atendimentos com o mesmo profissional: em relação a assuntos conversados, a conhecer o corpo um do outro, posições que encaixam melhor, essas coisas.
É como rever um velho amigo a cada atendimento. E tem homem que leva a mulher pra jantar e deixa escapar a frase “só não vá se apaixonar” como se mulheres procurassem por isso o tempo.
Na sua opinião, existe receita para um homem satisfazer plenamente uma mulher na cama?
Acredito que se souber se preocupar com o prazer da parceira, além do seu próprio, e estar aberto a se comunicar para ambos entenderem o que funciona pra cada um em questão, já é meio caminho andado.
Faço minhas todas as palavras da Carla, inclusive, há algum tempo venho querendo estar do outro lado, partiu Fatal Model.