Antes de mais nada, deixe eu me apresentar. Sou a Gabi Benvenutti, mas talvez você me conheça como Lola Benvenutti. Há alguns anos, fiquei conhecida pelo slogan “Faço porque gosto”. Sim, eu era uma universitária que, assumidamente, gostava de ser puta. Não me entenda mal. Não uso essa palavra de forma pejorativa. Pelo contrário, me inspirei na voz mais poderosa da defesa do trabalho sexual de todos os tempos: Gabriela Leite. Ela defendia o uso desse termo como uma forma de “pegar as palavras pelos chifres” e se apoderar delas.
O que eu quero dizer com isso é que, empregando o maior xingamento de todos os tempos para me definir, eu tiro do outro o poder de me constranger. Ou seja, ninguém vai me chamar de puta achando que vou ficar ofendida, já que eu mesma me defino assim.
Mas como eu ia dizendo, ninguém compreendia muito bem aquela moça de boa família, estudante de faculdade pública, que narrava em seu blog as experiências “divertidas” com sexo pago. Em tentativas múltiplas de me desvendarem, fui entrevistada por figuras importantes da TV brasileira: Jô Soares, Marília Gabriela, Abujamra…
Tudo isso culminou no lançamento dos meus dois livros: “O prazer é todo nosso” e “Por que os homens me procuram”. Por sorte, ambos esgotados. Afinal, a graduação em Letras serviu muito bem. Depois de dar – no sentido bíblico do termo – a torto e a direito, pelo mundo afora, percebi que a questão prática estava dominada, mas eu sentia que precisava ir além e parti para a teoria. Afinal, as pessoas só começam a levar alguém a sério quando apresenta seus títulos acadêmicos. Foi exatamente o que eu fiz e parti para o mestrado em Ed Sexual.
Ao contrário do que imaginei, tive matérias muito úteis e surpreendentemente divertidas, como aquela ministrada por um professor entusiasta do universo liberal e cheio de histórias pra contar.
Nessa época, eu tomei a decisão mais corajosa e louca da minha vida: me casei. Após desesperadores sete anos de casamento e uma libido que faria qualquer padre chorar, eu me libertei e retomei a vida libertina, mas dessa vez, numa nova perspectiva: a das plataformas de conteúdo adulto. Os tempos pandêmicos transformaram a vivência dos nossos desejos e a própria sexualidade, e eu me adaptei com leveza à modalidade virtual. Venho me divertindo horrores produzindo conteúdo safado e elegante para uma legião de fãs.
Para completar a minha felicidade, agora tenho a chance de escrever para a Fatal Model, cujo trabalho sempre admirei. Que bom ter você como leitor e voltar a compartilhar todos os meus segredos por aqui. Que você tenha uma semana tesuda…
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