Desde que comecei a criar conteúdo para as plataformas adultas, passei a me deparar com um tipo específico de homem: aquele que jura que dará um bom par para gravar cenas de sexo. Ele não é criador de conteúdo, muito menos ator pornô, não tem nenhuma habilidade especial — além de uma autoestima delirante —, mas jura que é o cara perfeito para estar à frente das câmeras comigo. Ao contrário do que se possa imaginar, essa espécie não habita apenas o universo dos assinantes das plataformas. Ele se prolifera nos aplicativos de paquera e também em bares e academias.
Num desses dias de desespero de acasalamento que acomete as mulheres — precisamente aquele período do ciclo menstrual em que uma força alienígena toma conta dos nossos hormônios e passamos a ter fantasias sexuais até com uma vassoura. As mulheres sabem bem do que estou falando. Já os homens estão bastante familiarizados com a sensação, exceto pelo fato de que ela perdura 365 dias por ano para eles. Ou quase isso — pois bem… num desses dias em que meus instintos me fazem tomar as piores decisões, eu decidi chamar para o meu Airbnb um cara com quem eu havia dado match num aplicativo.
A abordagem dele havia sido a pior possível, mas o meu desespero me fez considerar que chumbo trocado seria uma boa ideia. A mensagem dele foi: “Nossa, vi seu insta da Lola. Que tesão. Quero transar com você”. Em tempos de sanidade sexual, eu o teria mandado para o pqp, afinal, isso não é mensagem que se mande (fica a dica). Porém, logo vi na bio que ele era ator e imaginei que não seria um problema se eu decidisse aproveitar o encontro para gerar conteúdo para as plataformas. Obviamente, comentei sobre a minha intenção e ele prontamente aceitou. “Já tô com roupa de ir”. Até mandou foto do documento e assinou o termo de autorização de imagem. Fiquei animada com a praticidade e disse que ele poderia vir.
Enquanto eu me arrumava, toda cantarolante, veio a primeira dose de decepção, via mensagem: “Olha, nunca gravei cena assim. Talvez eu fique nervoso”. Relevei. Ia dar bom.
Lamento dizer que o encontro foi uma decepção do momento em que ele não conseguiu sequer abrir uma long neck, até o momento em que precisava fazer dois movimentos por vez porque, com três sanfonadas, teria acabado o forró.
Tudo isso acompanhado por pedidos de namoro ao pé do ouvido e a certeza delirante de que eu estava gostando. Obviamente, não fiz menção à gravação porque imaginei que, se ele já estava suando frio apenas com a minha existência, a sensação de estar no Big Brother faria com que ele desmaiasse.
O fim da minha noite não poderia ser outro: despachei o menino, abri a minha maleta Sonic e matei quem estava me matando. Gozei gostoso com os meus brinquedos e ainda pedi uma pizza.
E há quem se surpreenda quando pipocam na internet matérias sobre detox de macho. Tá fácil não…”
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