No dia 7 de abril a Organização Mundial da Saúde (OMS) comemora 75 anos de fundação. Para a instituição, saúde mental é “um estado de bem-estar no qual o indivíduo realiza suas próprias habilidades, pode lidar com o estresse normal da vida, pode trabalhar de forma produtiva e frutífera (…)”.
Ter saúde mental é fundamental para que todas as outras áreas da nossa vida estejam em equilíbrio. Na profissão de acompanhante, de maneira nada exagerada, diria que é uma necessidade de extrema importância.
Isso se justifica porque além de lidarmos com pessoas de diferentes características pessoais, é preciso lidar também com o julgamento social sobre a profissão, em algumas ocasiões com a vida secreta, com os riscos de violência e contaminação por doenças e infecções transmissíveis sexualmente.
A autoestima bem resolvida faz muita diferença ao enfrentar os dilemas do cotidiano, pois nos permite enxergar as soluções com mais agilidade e racionalização. Também interfere na disposição física, que consequentemente nos deixa mais produtivos e ganhando mais.
Veja a seguir algumas características de um profissional com baixa autoestima e como mudar esses comportamentos para ter saúde mental saudável:
- Falta de confiança em si: algumas pessoas sentem necessidade de aprovação, seja social ou familiar. Na profissão de acompanhante, faz muita diferença ter confiança em si mesmo porque não temos ninguém aplaudindo por tomar esse caminho profissional, é exatamente o contrário.
- Dificuldade em se aceitar: se o motivo de ter entrado para a profissão for necessidade financeira, é provável que essa pessoa se reprove internamente e sinta culpa por ter feito essa escolha.
- Não conhece suas qualidades e fraquezas: autoconhecimento é fundamental, deveria ser ensinado desde o jardim escolar até a faculdade. Precisamos entender que em algumas coisas teremos habilidades e em outras não, o mais importante é ter a consciência que temos sim fraquezas e precisamos lidar com elas, gerenciá-las para que não se torne o problema central da nossa vida.
- Não consegue impor limites e dizer não: justamente por não ter confiança em si, essa pessoa tem muita dificuldade em limitar o que não a agrada e por isso, se desgasta emocionalmente fazendo algo que não tem vontade, pois acredita que para ser aceito precisa dizer sempre ‘sim’.
- Reclama de tudo: embora não diga o que realmente deseja quando necessário, reclama de tudo a outras pessoas porque obviamente não está fazendo o que realmente gostaria. A reclamação é seu escape emocional.
- Medo de rejeição: Por necessitar de aprovação, a pessoa com a autoestima baixa sente muito medo de ser rejeitada, pois esse sentimento reafirma os de autodesvalorização.
- Autopunição: Algumas vezes, o fato de não conseguir dizer não é porque acredita que merece autopunição por estar fazendo algo errado. É uma das características de pessoas com crenças muito religiosas e acreditam que faz algo de errado e por isso precisa ser punida.
- Medo de aceitar desafios: A própria palavra desafio já dá frio na espinha de alguém que morre de medo de se arriscar, e por causa disso prefere ficar em uma determinada zona de conforto. A consequência é que ao negar um desafio perde oportunidades de aprender coisas novas e também de lucrar mais, resultando na mesma vida vazia que sempre reclama.
Como dar um upgrade e mudar esse cenário
Terapia, muuuuita terapia! Brincadeiras à parte, a terapia é sim uma excelente ferramenta para mudar a forma com qual essa pessoa se enxerga, pois talvez ela viva o resultado de toda uma vida sendo maltratada pela família e/ou relacionamentos. E ao entrar na profissão ainda com essas dores, vai reforçar alguns estigmas que já trouxe do seu passado.
E se não tem dinheiro para a terapia, faz o que? Calma que para isso também tem solução! O autodesenvolvimento começa com o autoconhecimento. A primeira mudança é assumir que precisa? Adivinha? Mudar! E se colocar mentalmente disponível para aceitar os desafios que as mudanças trazem.
É importante aceitar também que, ao optar por mudar vai precisar enfrentar emoções que por hora rejeita com o medo da dor que isso causa ao resgatar memórias, mas é um exercício importante para curar as feridas e ressignificá-las.
O segundo passo é buscar conteúdos que ajudem nesse processo como vídeos no YouTube por profissionais psicólogos, de preferência reconhecidos, pois é mais confiável. No Instagram busque pelos perfis do Fred Mattos e Amanda Fitas, ambos psicólogos e criadores de conteúdo nesse nicho de autoconhecimento e relacionamentos.
Tenha disciplina e não desista, pois a tendência é a autossabotagem. Inconscientemente arrumamos desculpas para largar aquilo que gasta a nossa energia e logo voltamos para a “zona de conforto” que nada tem de confortável. Seja persistente!
Tenha um diário, de preferência físico mesmo, o exercício de registrar suas emoções é por si só uma terapia. Comece fazendo uma lista das coisas que gosta em você e de quais gostaria de melhorar na sua personalidade. Anote tudo diariamente para acompanhar seu progresso e tenha disciplina.
Comemore suas pequenas conquistas! Infelizmente as pessoas não dão valor às pequenas mudanças no dia a dia. Tomar a decisão de mudar já é algo para se orgulhar: comemore! Conseguiu reservar uma hora do seu dia para ver conteúdos que te ajude a se desenvolver? Se orgulhe!
Começou a colocar em prática coisas simples como dizer não a algo que te incomoda? Comemore! Os sinais da mudança começam aos poucos, mas o importante é ser consistente. E, usando uma frase bem clichê: insista em você, pois é a única pessoa que precisa te valorizar!
Nota: tenho um projeto voluntário de assistência terapêutica gratuita para acompanhantes carentes financeiramente, se for o seu caso, envie um e-mail para [email protected] e combinamos um horário.