>
>
Autobiografias de trabalhadoras sexuais brasileiras

Autobiografias de trabalhadoras sexuais brasileiras

Foto de Redação josef.santos

Redação josef.santos

3 minutos de leitura

O início desse levantamento aconteceu em 2018, pouco após o lançamento da obra Putafeminista, da minha companheira de luta Monique Prada. Fiz um post com uma lista inicial e fui acrescentando novas obras à medida que me chegavam indicações. Nem todas essas obras são, a rigor, “autobiografias”, mas decidi mantê-las nos casos em que as autoras são/foram trabalhadoras sexuais e as obras abordam sexualidade e/ou trabalho sexual (há casos, inclusive, de “ex-prostitutas” e mesmo de “ex-travestis”, que resolvi manter por entender que podem ser boas fontes de pesquisa).

Percebam também que há uma vasta gama de atividades representadas aqui, abarcando desde massagistas eróticas, dominatrixes, atrizes pornôs até prostitutas propriamente ditas, dos mais variados tipos, dos mais variados cantos do país (algumas delas relatando experiências internacionais, aliás). São 31 obras que consegui encontrar, 25 focando na experiência de mulheres cis e 6 na de travestis, e a proposta é ir expandindo a lista com novas autobiografias, descobertas e publicações. Indicações são mais que bem-vindas, portanto.

Aproveito pra avisar as interessadas que eu e Monique Prada estamos articulando, para 2024, um clube de leitura focado nessas autobiografias, com ensaios e estudos sobre trabalho sexual sendo trazidos para complementar o debate. Será um espaço de formação, para mergulharmos de cabeça no putafeminismo e colocarmos a luta de trabalhadoras sexuais cada vez mais nos holofotes. Seu nome? “Leituras putas”.

Caso queira cadastrar seu email no nosso mailing, para receber informações em primeira mão desse clube, só mandar uma mensagem para [email protected]. Outra possibilidade é ficar atenta às nossas redes sociais, pois logo nós duas vamos começar a falar a respeito.

AUTOBIOGRAFIAS ANOS 1970

  • JOBERT, Solange. Estes homens passam por minha mesa de massagem – Suas histórias, suas taras, seus lamentos. Parma, 1978.

…………………………………………

ANOS 1990

  • LEITE, Gabriela Silva. Eu, mulher da vida. Rio de Janeiro: Editora Rosa dos tempos, 1992.
  • ALBUQUERQUE, Fernanda Farias & JANNELLI, Maurizio. A Princesa – Depoimentos de um travesti a um líder das Brigadas Vermelhas. Rio de Janeiro: Editora Nova Fronteira, 1995 [tradução do original italiano “Princesa”, publicado em 1994 pela editora Sensibili Alle Foglie].

…………………………………………

ANOS 2000

  • BRASIL, Mariana. Entre as fronteiras – O manuscrito de Sônia. São Paulo: Artemis Editorial, 2003 [reeditado como “O manuscrito de Sônia”, em 2005, pela Itália Nova Editora].
  • SURFISTINHA, Bruna. O doce veneno do escorpião. São Paulo: Panda Books, 2005.
  • SURFISTINHA, Bruna. O que aprendi com Bruna Surfistinha: Lições de uma vida nada fácil. São Paulo: Panda Books, 2006.
  • ALMEIDA, Carla de. 300 clientes habituais – 15 meses como prostituta. Quetzal [Portugal], 2005; Landscape [Brasil], 2006.
  • OLIVEIRA, Vanessa de. O diário de Marise – A vida real de uma garota de programa. São Paulo: Matrix, 2006. 
  • OLIVEIRA, Vanessa de. 100 segredos de uma garota de programa. São Paulo: Matrix, 2007.
  • SURFISTINHA, Bruna. Na cama com Bruna Surfistinha. São Paulo: Panda Books, 2007.
  • LEE, Paula. Alugo meu corpo. São Paulo: Planeta do Brasil, 2008.
  • DARK, Morgana. Feitiço de Eros – As experiências sexuais de uma atriz pornô. São Paulo: Gass Editora, 2008.
  • LEITE, Gabriela. Filha, mãe, avó e puta: A história de uma mulher que decidiu ser prostituta. Rio de Janeiro: Objetiva, 2009.

…………………………………………

ANOS 2010

  • LUXOR, Dommenique. Eu, Dommenique. Rio de Janeiro: Leya, 2012.
  • SURFISTINHA, Bruna. 100 dias de sedução de Bruna Surfistinha. São Paulo: Panda Books, 2012.
  • MIRANDA, Joide. A intimidade de um ex-travesti. Rio de Janeiro: Editora Central Gospel, 2013.
  • NARAYAN, Nalini. Aventuras sexuais de Nalini Narayan. Ibis libris, 2013.
  • BENVENUTTI, Lola. O prazer é todo nosso. Araraquara/SP: Editora MosArte, 2014.
  • URACH, Andressa. Morri para viver: meu submundo de fama, drogas e prostituição. São Paulo: Planeta do Brasil, 2015.
  • MOIRA, Amara. E se eu fosse puta. Sorocaba: hoo editora, 2016 [reeditado como “E se eu fosse puRa” a partir de 2018, pela mesma editora, e retomando o título original em 2023, com a n-1 edições].
  • BENEVIDES Neto, Antônio Teixeira. Mel e fel. Fortaleza: Expressão Gráfica Editora, 2016.
  • NARAYAN, Nalini. Fêmea alfa: O diário real das minhas orgias. Matrix Editora, 2016.
  • MARCHI, Cláudia de. De encontros sexuais a crônicas: O diário de uma advogada e acompanhante de luxo feminista. Clube de autores, 2018.
  • PRADA, Monique. Putafeminista. São Paulo: Veneta, 2018.
  • MARILAC, Luísa & QUEIROZ, Nana. Eu, travesti: Memórias  de Luísa Marilac. Rio de Janeiro: Record, 2019.

…………………………………………

AUTOBIOGRAFIAS ANOS 2020

  • NARAYAN, Nalini. Safada. Niterói: Candy, 2020.
  • D’ALESSANDRO, Porcina. Trinta anos de clausura: As memórias de Porcina. Rio de Janeiro: Autografia: 2021.
  • PACHECO, Raquel. Autobiografia. Edição independente, 2021.
  • BARRETO, Lourdes (curadoras Elaine Bortolanza e Leila Barreto). Puta autobiografia. Belém: Paka-Tatu, 2022.
  • LOPES, Natânia. Cabaré. Cotia: Urutau, 2023
  • LOPES, Natânia. Atuar ou não como prostituta: Programa, etnografia e putativismo. Campinas: Ofícios Terrestres, 2023.

Sobre a autora

Amara Moira é natural de Campinas, mas decidiu morar em São Paulo após se assumir travesti. Ela é doutora em crítica literária pela Unicamp, pesquisadora de gênero e sexualidade e, além disso, uma escritora que traz o putafeminismo para o centro de suas obras, como se vê em: “E se eu fosse puta” (n-1 edições, 2023), autobiografia sobre suas experiências como trabalhadora sexual, e “Neca + 20 Poemetos Travessos” (O Sexo da Palavra, 2021), que reúne seu monólogo em bajubá, a língua das travestis, e sua produção poética sobre vivências LGBTI+.

Acompanhe Amara nas redes sociais:

Instagram Amara Moira
Continue a leitura com o artigo a seguir:

https://fatalprod.josef.com.br/blogcolunistas/bajuba-a-lingua-das-travestis/

Filtre por título

Compartilhe este artigo:

Assine nossa newsletter
para receber mais conteúdo