Estou aposentada da vida de acompanhante há 18 anos, mas sim, ainda há homens que surgem do nada me perguntando se ainda faço programa ou simplesmente perguntam diretos e retos quanto é o meu cachê. São os perdidos no tempo e, ao mesmo tempo, me sinto bem por acharem que ainda sou capaz de ser acompanhante.
Sou quase uma quarentona (farei 39 em outubro), mãe solo de gêmeas e com uma rotina bem intensa. Ainda teria muitas condições de cobrar por minha companhia, não tenho dúvidas. O problema é que não tenho mais a paciência que tive dos meus 17 aos 20 anos. Além disso, eu precisaria me adaptar à realidade atual com tanta tecnologia, informações e outras tantas coisas diferentes que não tive na minha época de programa. E não estou disposta.
Não tenho mais paciência para cheirar sacos fedidos e fingir que está tudo bem. Nem para ficar fazendo carinho em homens que não sinto amor (ou qualquer sentimento do tipo) mas que quero apenas que o tempo passe rápido, para ser psicóloga de clientes que querem desabafar nus com o pau duro (ou não) na cama.
Enfim, eu não consigo mais me enxergar e me colocar no lugar onde estive por três anos: eu fui uma acompanhante fofa, considerada como “namoradinha” de muitos. Mas meu coração talvez tenha se tornado uma pedra e o sentido de fazer sexo mudou completamente para mim. Preciso ter o mínimo de intimidade antes de ir para o finalmente e sem ter hora contada durante o ato.
Mudanças de Coração: Evolução e Intimidade na Vida Adulta
Hoje em dia, confesso que seria uma péssima acompanhante. Embora ainda seja uma boa companhia nos meus dates. Sorte de quem me conquista por aí no mundão nesta vida de solteira, modéstia a parte.
Já passou, sim, na minha cabeça de voltar a fazer programa após uma experiência horrível que tive com um garoto de 23 anos que conheci numa balada recentemente, inclusive. Eu sabia que não seria bom (sinto isso já durante os beijos), mas insisti. Para quê? A decepção aconteceu e a ressaca moral bateu no dia seguinte. Comentei num grupo do WhatsApp com amigos pessoais: “A mãe fez caridade. Se tivesse cobrado, estaria feliz!!”.
Essa piada eu faço direto porque nestes meses de solteira, nem tenho tempo para conhecer alguém e quando tenho, não tenho tido sorte. Tudo bem que aos finais de semana que minhas filhas estão com o pai, sempre acabo indo em baladas e festas gays que eu amo, então nem posso reclamar porque me divirto demais sem sair de casa em busca de sexo, se acontecer que bom, mas se não, tudo bem, o importante é descer até o chão na pista e ter meu momento de diversão entre amigos. O que não tô aguentando é minha falta de sorte quando tento algo a mais.
Desafios da Sexualidade: A Experiência de Bruna Surfistinha
Os homens estão muito 8 ou 80… Ou são superficiais demais (e por enquanto tudo bem para mim, afinal não quero relacionamento tão cedo, apenas sexo casual) ou estão muito emocionados. E no meio disso, existe eu, uma ex acompanhante que se tornou uma mulher bem exigente e talvez chata demais.
Não está fácil para a Bruna Surfistinha manter dignamente a vida sexual. Aliás, como todas minhas amigas héteros solteiras dizem: “Não está fácil ser mulher hétero!!!”.
Voltando ao assunto principal do texto… Mesmo sem sorte com os homens atualmente, não faz parte dos meus planos voltar a fazer programa, mas como nunca mais digo nunca, caso aconteça de retornar a ser acompanhante, meu anúncio certamente estará aqui na Fatal Model. E apenas Deus poderá me julgar se eu retornar!
Sobre a autora
Raquel Pacheco, a Bruna Surfistinha, é escritora e ex-acompanhante. Desde maio de 2023, escreve contos duas vezes por mês para a Fatal Blog.
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