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Como as acompanhantes podem ajudar na mudança de mercado do Sex Work

Como as acompanhantes podem ajudar na mudança de mercado do Sex Work

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Redação josef.santos

4 minutos de leitura

Provavelmente você deve ter ouvido a palavra sex work, que traduzido na nossa língua significa trabalho sexual, ou seja, qualquer pessoa que trabalha na indústria do sexo como acompanhante, cammodel ou atriz/ator de conteúdo adulto é um sex work.

A expressão é mais comum em países como a Alemanha, Áustria ou Grécia, onde a profissão é legalizada e regulamentada. No Brasil, o normal é referir a profissão como “garota de programa” ao invés de acompanhante. É nesse ponto que podemos começar a falar das mudanças necessárias ao mercado.

Alguma vez já se perguntou o por qual motivo dizemos “fazer um programa”? Não fazemos programas, não fazemos shows, não somos entretenimentos, somos pessoas que prestamos um serviço de sexualidade.

Se buscamos respeito por quem somos e sobre o que fazemos, a nossa mentalidade em relação a nossa própria profissão precisa ser mudada, primeiramente educar-se, para em seguida, ajudar a educar o mercado.

O que as pesquisas indicaram sobre o perfil dos trabalhadores sexuais

Nas pesquisas com os profissionais cadastrados em anúncios na Fatal Model, a decisão de trabalhar como acompanhante não é algo impulsionado somente pela falta de dinheiro ou por exploração de terceiros, pelo contrário, 89% afirmaram estar nessa área porque gostam da profissão.

Nesse sentido, dizer que se trabalha com sexo pago por falta de oportunidades é incoerente com a realidade de muitas acompanhantes. Embora vivenciamos um período de instabilidade econômica decorrente da crise pandêmica, ainda assim, há muitos setores, como no digital, oferecendo rendas de diversas formas que não somente com sex work.

Gostar é meio caminho andado para contribuir para as melhorias desse nicho. Mudar o próprio posicionamento profissional também é muito importante, afinal, atualmente existe muitas opções para quem busca uma profissional do sexo.

No entanto, nesse momento, se queremos que esse mercado mude a sua relação e percepção sobre nós, precisamos sair da zona de conforto e fazer, cada um a sua parte, cada acompanhante pode colaborar para que isso de fato aconteça.

Então, como cada um pode fazer a sua parte?

O anúncio, por exemplo, é a primeira ferramenta que coloca acompanhante e contratante em contato, então é por ele que podemos começar. Ao invés de expor fotos totalmente nuas e frases do tipo “sou deliciosa e apertadinha” ou “namoradinha sem frescura”, faça o contrário.

Procure usar fotos apenas sensuais, que desperte a curiosidade do contratante para ver mais e deixar claro no seu texto de apresentação sobre seus gostos, o que curte fazer e como gosta de ser tratado(a).

Tenha um anúncio profissional

Ao longo do meu trabalho, testei diversos textos no meu perfil e posso dizer, com certeza, que bons clientes leem o perfil e mudam sua forma de tratamento a partir dessas informações, pois é ali que ele enxerga o diferencial.

Não é pelo “deliciosa e safada” que eles optam por um determinado perfil. Inicialmente é pela aparência, o que mais lhe atrai fisicamente, mas o que faz um cliente agendar, é a forma com que foi tratado no telefone, seja no aplicativo de mensagem ou ligação.

Por que essas mudanças simples fazem diferença? Porque sai do padrão, do comum e a maioria nota o que sai da curva. Se afirmamos constantemente que somos acompanhantes, e isso quer dizer que, nem sempre a companhia é para a finalidade sexual, por qual motivo estamos “vendendo” corpo e não personalidade?

Informar horário de trabalho

Nem todos os profissionais do sexo trabalham vinte e quatro horas por dia ou ficam disponíveis apenas de madrugada, pelo contrário, uma boa parte trabalha apenas em horário comercial, pois a noite tem compromissos com faculdade ou familiares.

Nesse sentido, ao invés de deixar o anúncio sem esses horários, marque as opções corretamente e informe aos interessados seus horários de trabalho e se atende com horário agendado ou não. Se todo mundo fizesse a sua parte, os contratantes passariam a entender melhor o comportamento dos anunciantes.

Aliás, na própria pesquisa que citei ali em cima, um terço dos anunciantes da Fatal afirmaram ter outros trabalhos e 48% são pais e mães, ou seja, não ficam vinte e quatro horas disponíveis.

Explicar ao invés de tratar mal

Por experiência, sei que é cansativo explicar algo por diversas vezes. Quando um suposto cliente me aborda com um “oi meu anjo”, “quanto é, amor?”, “tá na ativa?” e ainda “bora?”, a minha vontade é esculhambar a pessoa até a próxima geração.

No entanto, tenho entendido que isso é só mais uma postura que a maioria tem e que não ajuda nesse processo de reeducação do nosso ramo, pois ele vai procurar outra acompanhante e vai agir igual, e muitas preocupadas em não perder o cachê do dia vão aceitar sem reclamar.

Hoje, o que faço de diferente é corrigir no mesmo instante, informando qual o meu nome de trabalho e que prefiro ser chamada dessa forma. Uma vez que aviso sobre isso, em um tom de voz tranquilo (depois de ter respirado profundamente e contado até dez) respondo as demais perguntas.

Para os que me abordam com o “bora?” ou o “vamos agora”, paro e explico que não me agrada esse cumprimento, afinal de contas, eu sou uma mulher e gosto de ser abordada com educação. Esse tipo de abordagem é ruim, deixa claro que a pessoa não leu o perfil para saber de que forma trabalho.

O suposto contratante pressupõe que estou disponível a qualquer hora, a mercê da sua vontade, sem relevar, que posso ter uma vida a parte do meu trabalho de acompanhante. Dispenso esse tipo de público, pois sei que não é o perfil do meu cliente, mas explicar os motivos pelos quais não vou atendê-lo, pode fazê-lo repensar suas futuras abordagens com outras acompanhantes.

Vestir a camisa da profissão

Embora hoje tenha muitos conteúdos tanto aqui no blog, quanto no Youtube, sobre o trabalho de acompanhantes, percebo que, como profissionais, não podemos deixar na mão apenas da plataforma. Não dá para esperar que apenas uma empresa remodele o mercado.

Se cada profissional fizer a sua parte com cada contratante que a procura, teremos uma melhoria significativa que beneficiará todo mundo.

A reeducação não é uma tarefa fácil, mas é necessária, pensando a longo prazo na visão que queremos da nossa profissão. Tomei como missão fazer a minha parte na mudança desses comportamentos, porque no futuro quero ter a certeza que fiz a diferença.

E aqui deixo o meu convite para que você, anunciante e leitor(a): Faça também.

https://fatalprod.josef.com.br/blogdicas/como-ser-acompanhante-no-brasil/

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