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Como as acompanhantes são retratadas na dramaturgia?

Como as acompanhantes são retratadas na dramaturgia?

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Redação josef.santos

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Não é novidade para ninguém que acompanhante é considerada a profissão mais antiga do mundo. Além de antiga, ela também é, ao passo que muito requisitada, carregada de preconceito – infelizmente. Por essa razão, o cinema e a televisão já retrataram diversas vezes filmes e séries sobre essa temática.

Para você ter uma ideia, o primeiro filme que abordou a profissão foi gravado em 1929 – chamado “Diário de uma garota perdida”. De lá pra cá, inúmeras produções foram realizadas com diferentes maneiras de retratar as acompanhantes. 

Quase sempre protagonistas, elas já foram vilãs e mocinhas da história. Mas, não há como negar que, com o passar dos anos, as acompanhantes retratadas nas telinhas foram conquistando mais respeito, voz e dignidade – o que é fundamental para a imagem (e vida) dessas profissionais fora das telas. 

A imagem das acompanhantes pioneiras das telinhas não era muito positiva

Como mencionado anteriormente, já faz muito tempo filmes que retratam a vida de acompanhantes são gravados. Mas você sabe o que mudou desde as primeiras produções? A analogia pode ser bastante simples.

Se compararmos, por exemplo, o ano de um dos primeiros filmes sobre a temática – 1929 – com os dias atuais, facilmente entraremos em um consenso de que a sociedade, de modo geral, era mais preconceituosa. Com isso, é claro, não é de se esperar que filmes sobre acompanhantes retratem a profissão por uma ótica positiva – pelo contrário.

Só para citar um exemplo, um dos maiores clássicos do cinema, Bonequinha de Luxo, do ano de 1961, trazia a protagonista como uma moça bonita e fútil, que almejava enriquecer às custas de um cliente milionário. 

Já em 1976, em Taxi Driver, o filme abordou a temática de maneira bastante pesada, trazendo a história de uma acompanhante de apenas 12 anos que era explorada por um rufião. É claro que o assunto também precisa ser debatido (já que, infelizmente, essa realidade ainda é presente nos dias de hoje), mas essa imagem, sem dúvidas, corrobora para uma visão ainda mais pessimista da profissão, colocando tudo e todos “no mesmo saco”.

Passados alguns anos, em 1990, “Uma linda mulher” retrata uma profissional do sexo imatura, desajeitada e pouco inteligente. A moça apenas consegue melhorar sua vida pessoal quando se apaixona por um cliente que lhe proporciona tudo o que lhe faltava.

Embora seja um filme romântico, a ideia passada não deixa de ser a de que a profissional do sexo, sem o homem rico para “salvá-la” da profissão e fornecer uma vida digna, não seria feliz e realizada sozinha – e muito menos desempenhando o seu trabalho.

Perceba que, de maneira geral, por trás de toda profissional do sexo retratada ao longo dos anos (até a década de 90) havia uma mulher que precisava contar com a ajuda de um cliente rico para sair da profissão. Além disso, dificilmente essas mulheres eram felizes trabalhando como acompanhantes – e o desejo de mudar de vida era sempre latente.

E atualmente, o que mudou?

Felizmente, as últimas produções sobre acompanhantes melhoraram a imagem das profissionais. Nesse sentido, o filme que retrata a vida da Bruna Surfistinha (2011), sem dúvidas, foi um dos responsáveis por essa virada de chave.

Acontece que o filme aborda uma acompanhante (bonita, inteligente e com boa condição de vida) que trabalha porque quer e porque gosta do que faz. É claro que os pontos negativos da profissão também são explorados, mas a questão primordial, aqui, é que a profissional do sexo ganha um protagonismo diferente, com mais autonomia e poder de decisão. E o melhor: sobre sua vida real.

Ainda, antes disso, em 2009, o filme “Confissões de uma Garota de Programa” aborda a vida de uma acompanhante de luxo que trabalhava como uma “namorada de aluguel” – já que ela oferecia mais do que sexo, mas sua companhia a vários eventos. A garota ainda tinha um namorado que respeitava a sua profissão, e era respeitada pelos seus clientes. Evolução e tanto, não é mesmo?

Em 2013, o filme “Jovem e Bela” aborda a vida de uma jovem que, mesmo tendo todas as oportunidades na vida, decide se aventurar pela profissão de acompanhante para explorar a sua sexualidade – e ganhar dinheiro com isso. É claro que o enredo é mais denso, mas mostra, novamente, uma mulher comum que opta pela profissão – sem estereótipos, sem ser forçada nem explorada.

É claro que ainda há muito a ser melhorado no universo das telinhas quando o assunto é retratar a vida dos acompanhantes. Mas o que já é possível notar é que evoluímos bastante na forma como essas mulheres são representadas. De fúteis, pouco inteligentes e sem expectativa de vida, as profissionais mais atuais do cinema apresentam mulheres protagonistas da própria história. 

Aguardamos, ansiosamente, para ver ainda mais profissionais do sexo representadas nas telinhas – e, de preferência, com a devida dignidade que elas merecem.

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