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Como começou a avaliação de clientes de Bruna Surfistinha?

Como começou a avaliação de clientes de Bruna Surfistinha?

Foto de Redação josef.santos

Redação josef.santos

3 minutos de leitura

Na coluna anterior, comentei sobre meu blog ter sido minha principal ferramenta de trabalho na minha carreira como acompanhante. Ele nasceu em janeiro de 2004, época que os blogs era febre entre adolescentes.

Como sempre gostei de escrever, numa madrugada solitária e exausta após um dia com vários atendimentos, resolvi dar voz a mim e tantas outras acompanhantes. Foi um pedido de socorro, confesso. Eu queria que alguém me ouvisse (ou melhor, no casso, me lesse) e me enxergasse de alguma maneira. Após a manhã clarear, eu estava diante um textão que acabava de finalizar. 

Quando acordei, reli tudo, achei que tinha me exposto demais, então resolvi pedir opinião para minha única amiga que morava no mesmo condomínio e era acompanhante também. Quando apresentei meu blog, Gabi apenas me questionou: “Quem vai perder tempo lendo o blog de uma puta, Bruna?” 

Quem?

Ela foi embora, fui tomar banho e me arrumar para atender um cliente. Embaixo do chuveiro, decidi manter o blog, minha intuição dizia para não desistir mesmo que ninguém perdesse o tal do tempo. Excluí o textão, o substituí por uma publicação menor, um resumo sobre quem eu era na fila do pão. 

Antes de dormir, contei sobre como tinha sido para mim aquele dia ensolarado de janeiro, foquei nos relatos dos clientes que haviam passado por minha cama e vida. Escrever nele se tornou um ritual antes de dormir. 

Eu contava sobre tudo como se fosse um daqueles diários com cadeado que tive durante a adolescência. É claro que os relatos dos atendimentos chamavam muito mais atenção do que meus desabafos sobre o cotidiano, mas eu conseguia compartilhar as dores e amores de uma acompanhante. 

Em menos de uma semana, o blog começou a bombar de visitas, minha única divulgação era para meus clientes, pois pedia para que conferissem minha avaliação sobre eles. Foi assim, na prática, que percebi o quanto os homens gostam de ser avaliados sexualmente por mulheres, melhor ainda se for por uma profissional do sexo. 

Apenas eles conseguiam se identificar no relato, prezava a discrição e não dava detalhes físicos para que continuassem no anonimato. Com o tempo fui aperfeiçoando a maneira relatar meus atendimentos, quando estava inspirada alguns poderiam ser até contos eróticos. 

Quando comecei a dar uma nota para cada um, eles foram a loucura. A repercussão foi gigante e adoraram a novidade. Minha avaliação era criteriosa, além da performance sexual deles, também avaliava a higiene, educação, simpatia, enfim, o comportamento de uma maneira geral. E a nota final era a média da soma de todas as notas, então não adiantava receber 10 no sexo e 0 na educação. 

Eu tinha um caderno onde fazia minhas anotações assim que o cliente ia embora para não me esquecer de nenhum detalhe. Eles ficavam ansiosos, muitos me mandavam SMS me perguntando que horas que eu publicaria sobre meu dia no blog. 

Numa manhã, o interfone tocou, estranhei porque não tinha nenhum atendimento marcado, atendi e o porteiro me avisou que tinha um buquê de rosas para mim. Um dos clientes do dia anterior que me presenteou e com um cartão escrito: “Obrigado pela nota, adorei o que escreveu sobre mim ontem!!”. Não assinou e nunca fiquei sabendo quem foi esse cliente cavalheiro e romântico. 

Foi por conta das notas que a quantidade dos meus atendimentos quase triplicou, muitos clientes já chegavam dizendo que marcaram porque queriam ser avaliados por mim. 

Percebia quando alguns forçavam e não agiam naturalmente, mas casos assim foram raros, eu fazia de tudo para que ficassem à vontade e não percebessem que eu estava observando todos os comportamentos. 

De todas minhas estratégias de marketing, a que mais deu certo foi essa e aconteceu de uma maneira muito natural porque não imaginei que os clientes levariam tão a sério algo que para mim foi simples demais.

Aviso: As opiniões apresentadas no texto representam o ponto de vista da colunista e não expressam, direta ou indiretamente, as opiniões do Fatal Model.

Sobre a autora
Raquel Pacheco, a Bruna Surfistinha, é escritora e ex-acompanhante. Desde maio de 2023, escreve contos duas vezes por mês para o Fatal Blog.

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https://fatalprod.josef.com.br/blogcolunistas/o-marketing-pessoal-de-bruna-surfistinha/

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