No dia 7 de abril é comemorado o Dia Mundial da Saúde. A data, criada pela OMS (Organização Mundial da Saúde) em 1948, visa destacar a importância de se discutir questões sérias relacionadas à saúde, estimulando a criação de políticas públicas voltadas ao bem-estar da população.
Assim sendo, nada mais justo e necessário do que discutir a saúde dos profissionais do sexo, já que esse público está frequentemente exposto a uma série de doenças e ISTs (Infecções Sexualmente Transmissíveis). Afinal, o que é feito (e o que deveria ser feito), por parte dos nossos governantes, para garantir condições de acesso à saúde a essa classe trabalhadora? Vamos descobrir a partir de agora.
Profissionais do sexo e as campanhas de Saúde Pública
Embora seja considerada a profissão mais antiga do mundo, acompanhantes (de qualquer orientação sexual) continuam sendo alvos de preconceito com o passar do tempo. Os principais motivos para isso giram em torno de dois pilares: profissionais do sexo, de certa forma, não seguem as normas e padrões de conduta esperados pela sociedade (não são “belos, recatados e do lar”) e, além disso, carregam a fama de serem os principais portadores de doenças sexualmente transmissíveis.
Para você ter uma ideia, somente em 2002 os profissionais do sexo passaram a ter sua profissão reconhecida com tal pelo Ministério do Trabalho. No entanto, os acompanhantes ainda não tiveram os seus direitos trabalhistas reconhecidos – e isso, sem dúvidas, impacta na saúde desses profissionais.
Não há como negar que, por muito tempo, os profissionais do sexo estiveram inseridos nas campanhas de Saúde Pública de maneira preconceituosa – que associavam suas práticas apenas ao risco de contrair doenças. É por isso, aliás, que muitas dessas pessoas sequer tinham coragem de procurar por ajuda e fazer valer os seus direitos de cidadão: sentiam vergonha e não se sentiam contemplados pelas campanhas.
Em 1999, o Governo Federal criou o “Política Nacional de DST/Aids”. Entre os principais objetivos do programa estavam reduzir as infecções transmitidas pelo sexo, promovendo a adoção de práticas mais seguras (como o uso de preservativos).
Em 2004, foi criado o PNAISM (Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Mulher). O programa, além de focar na saúde total da mulher, também investiu em ações voltadas aos grupos historicamente “mais esquecidos” pelas políticas públicas – como as acompanhantes.
No entanto, nenhum programa governamental foi criado, até hoje, voltado especificamente para os profissionais do sexo. Infelizmente, essa é uma lacuna ainda não foi preenchida pela nossa Saúde Pública.
O trabalho de instituições não governamentais pode fazer a diferença
Embora importantes programas já tenham sido criados para promover informações
e acesso à saúde sexual das pessoas em geral, pouco se fala especificamente dos profissionais do sexo. Talvez isso aconteça, ainda, pelo preconceito que a profissão carrega – afinal, se o dinheiro público fosse destinado a essa área, certamente isso atormentaria aquela parcela da população “mais conservadora”.
É nesse contexto que surgem importantes ações de ONG’S (Organizações Não Governamentais) – e são elas as maiores responsáveis por levar à população aquilo que os governos não fazem.
Só para citar um exemplo, no Ceará, foi criada a APROCE – Associação das Prostitutas do Ceará, em 1990. A instituição desenvolve um trabalho educativo sobre sexualidade, prevenção de infecções sexualmente transmissíveis e distribuição de preservativos. Além disso, ela também incentiva a busca pelos serviços de saúde para mulheres e profissionais do sexo.
O trabalho, que é realizado por educadoras sociais e por pessoas que já trabalharam, e outras que continuam trabalhando, como acompanhantes, faz muito mais por essa parcela da população do que muitas instituições governamentais. Por isso é extremamente importante valorizar aqueles que realmente estão dispostos a levar condições mais dignas de saúde a esses profissionais.