Sabemos que em qualquer área há sempre aqueles nomes que marcaram a história no seu tempo. Assim como na física a gente pensa em Thomas Edson, na psicologia em Freud, nas artes Pablo Picasso e tantos outros grandes nomes, na história dos(as) acompanhantes também encontramos nomes relevantes que marcaram suas épocas.
Quando falamos sobre empoderamento da profissão de acompanhante, vale sempre lembrar das meretrizes que se eternizaram pela forma que conduziram suas vidas profissionais, regadas a sexo e empoderamento.
Acompanhantes da história que devemos lembrar
Madame Pompadour, era uma cortesã influente de Versailles(França) no século XVIII, e famosa no seu período por praticar dominação com seus clientes. Entre eles, uma grande figura da época era fã das suas práticas de dominatrix, o Rei Luís XV, que, segundo historiadores, tornou-se um dos seus amantes.
Maria Duplessis, que viveu entre 1824 a 1847, foi a cortesã inspiradora da obra “A dama das camélias” pelo escritor Alexandre Dumas Filho. O livro conta a história do romance entre os dois.
Era culta e recebia em seu estabelecimento políticos, artistas e escritores da época. Diziam que ela era amante de alguns deles. Ganhou fama pela sua discrição e era considerada pelos homens da sua época como inteligente e espirituosa. Infelizmente morreu ainda muito jovem de tuberculose.
Veronica Franco além de cortesã também era poetisa, viveu em Veneza e ficou conhecida por ser uma das mulheres mais influente, inteligente, culta, admirada e temida no século XVI.
Veronica frequentava a alta sociedade e recebeu o título de figura célebre por ser uma – cortegiana onesta – cortesã honesta, por ser assumir como cortesã. Tinha como clientes homens poderosos que se encantavam não só pelo fornecimento de sexo pago, mas pelo conhecimento intelectual em filosofia, artes e literatura.
A vida de Veronica foi marcada por altos e baixos e muitos anos depois foi retratada em livro e depois em telas cinematográfica, o filme inspirado na sua biografia é o Em Luta pelo Amor.
Mata Hari foi uma dançarina exótica e viveu entre 1876 e 1917. Sua vida como cortesã iniciou depois que começou a se apresentar como dançarina, mas antes disso, foi casada com um homem vinte anos mais velho, com o qual começou o romance respondendo a um anúncio dele a procura de uma esposa. Tiveram um casal de filho, mas o menino faleceu e depois disso o casamento acabou.
Mata Hari buscou aprender a dança javanesa como uma forma de escapar da tristeza e nela percebeu que poderia fazer apresentações como dançarina exótica para se sustentar, consequentemente tornou-se também meretriz.
Devido aos seus muitos contatos com soldados e homens de altas patentes envolvidos na Primeira Guerra Mundial, Hari foi acusada de ser dupla espiã em um julgamento sem provas conclusivas, baseadas apenas em hipóteses. Foi condenada à morte por fuzilamento. Anos depois uma associação pediu ao Ministério de Justiça da França uma revisão sobre o seu caso, mas não foi aceito. Sua história foi contada no filme Mata Hari em 1931.
Marie-Jeanne Bécu ou Madame Du Barry, como ficou conhecida no seu tempo, foi a amante sucessora da Madame Pampadeour com o Rei Luiz XV, lá no século XVIII. Era de família humilde, mas teve uma boa educação em convento. Antes mesmo de ser amante do Rei, já frequentava a alta sociedade, foi apresentada a ele aos dezenove anos enquanto ele tinha cinquenta e oito.
Há alguns burburinhos que ela disputou o posto de amante com a Pampedeour, mas com a morte desta última, Du Barry virou a oficial. A história conta que anos mais tarde, o rei se aproximando da morte, a expulsou da corte temendo não ser absolvido por sua relação com a meretriz, que aos olhos da igreja era uma mulher pecaminosa.
A cortesã se instalou no castelo Château Louveciennes, que recebeu como presente quando ainda era amante do Rei. Teve seu nome envolvido na Revolução Francesa, o que resultou também na condenação da sua morte por guilhotina.
Nomes importantes na atualidade
Na atualidade, temos nomes ainda como Brooke Magnanti, que ficou conhecida em 2009, pelo blog Belle de Jour, onde narrava seus encontros eróticos profissionais. Brooke chocou ao revelar no jornal The Sunday Times, do Reino Unido, que trabalhava como acompanhante de luxo para pagar seu doutorado em oncologia infantil.
Amanda Golf, uma jornalista australiana bem sucedida, decidiu trabalhar como acompanhante aos quarenta anos, depois de fazer uma visita a um bordel de luxo em 2012. A jornalista disse em entrevista que não vende seu corpo, mas sim, que apenas começou a cobrar por algo que ela já fazia de graça. (E tá errada?)
Entre as brasileiras, as mais famosas dessa época foram, sem sombra de dúvida Bruna Surfistinha, em 2005, e Lolla Benvenutti em 2012. No entanto, antes delas, temos também Gabriela Leite, uma das percussoras na defesa do direito das trabalhadoras sexuais.
Gabriela, uma ex estudante de Ciências Sociais da USP, abandonou o curso, pois gostava da boemia, segundo ela mesma numa entrevista para o programa “De Frente com Gabi” da apresentadora Marília Gabriela.
Montou uma grife de roupa para arrecadar recursos financeiros e montar a ONG Davida, que tem o objetivo de defender e regulamentar a profissão. Sua fama ocorreu justamente por causa do nome dado a sua grife, que era uma ironia a outra grife de luxo no Brasil naquela época.
Além disso ela também defendia a ideia que as acompanhantes não deviam usar o discurso de vitimização da profissão como argumento para fugir da falta de dinheiro.
O que todas essas profissionais relatadas aqui tem comum, independente da época que viveu, é a capacidade intelectual, a espiritualidade e o empoderamento. Qualquer profissional do sexo pode ser uma pessoa empoderada, basta estar ciente que na sua vida e em seus valores morais, é ela quem se direciona e não a sociedade.