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O DIA DA ACOMPANHANTE

O DIA DA ACOMPANHANTE

Foto de Redação josef.santos

Redação josef.santos

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Segundo dados da Fatal Model, atualmente, a profissão de acompanhante é exercida por mais de um milhão e quatrocentos mil brasileiros, entre homens e mulheres. Esse grupo de profissionais vem crescendo a cada dia, mas para que esse trabalho seja exercido nos dias atuais com liberdade e segurança, existe um enfrentamento histórico de combate aos estigmas, contra o preconceito e a violência aos profissionais, sobretudo contra as mulheres trabalhadoras sexuais.

Esse movimento potente de luta e resistência começou em 1975, quando prostitutas da cidade de Lyon, na França, tomaram uma atitude ousada e corajosa ao ocuparem a Igreja de Saint Nizier, localizada no centro da cidade, com a ajuda de integrantes da própria igreja, além de contarem também com o apoio de alguns jornalistas, advogados, simpatizantes pela causa e intelectuais da época, como, por exemplo, a filósofa e feminista Simone de Beauvoir.

Um pouco mais de cem mulheres trabalhadoras sexuais invadiram e permaneceram por dez dias na igreja, protestando contra as legislações da época que dificultavam o trabalho sexual e ainda legitimavam a repressão policial e as prisões sofridas por essas trabalhadoras. Protestaram também contra o assassinato e mutilação de duas prostitutas, além da imposição de altos impostos sobre os seus rendimentos financeiros, que impossibilitavam a presença dessas profissionais na sociedade.

Importante lembrar que essa manifestação começou de forma pacífica, porém a reação policial foi ainda mais violenta, com ameaças de invasão às casas das trabalhadoras sexuais para retirar a guarda dos seus filhos. Elas colocaram na frente da igreja uma faixa que dizia: “Nossas crianças não merecem ficar sem mães”. O protesto logo se espalhou pela cidade, outras igrejas também foram ocupadas, mas o ponto alto da manifestação foi quando outras mulheres que não exerciam o trabalho sexual saíram às ruas gritando serem também prostitutas, ou seja, se levassem o filho de uma, teriam que levar os filhos de todas as mulheres, o que ficou inviável para a polícia.

Essa manifestação foi precedente na luta mundial contra a repressão policial que o grupo vinha sofrendo, dando início aos movimentos das profissionais do sexo para reivindicarem seus próprios direitos, como segurança, respeito, dignidade e a liberdade de trabalharem sem violência. A partir de então, marcou-se o dia 2 de junho como o Dia Internacional da Prostituta, iniciando manifestações em diversos países e nascendo o movimento histórico, político, social e cultural que temos hoje. Precisamos reconhecer que a coragem e resistência das mulheres de Lyon abriram espaço na história para que nós, homens e mulheres da contemporaneidade, pudéssemos ter o direito à liberdade de exercer essa profissão.

Pelo seu próprio caráter transgressor, em se tratando de movimentos de grupos sociais minoritários, o grupo das trabalhadoras sexuais vem crescendo e ganhando força em todo o mundo e se tornando um movimento potencialmente revolucionário, sobretudo, com um potencial político e resistente contra todo tipo de política repressora.

Tudo isso só prova que as acompanhantes possuem reivindicações históricas, fortalecendo ainda mais a necessidade e o direito ao reconhecimento do trabalho sexual como trabalho no Brasil.


Gostou do texto? Conheça a autora, Frida Carla

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