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O Empoderamento na profissão de acompanhante: Um outro olhar

O Empoderamento na profissão de acompanhante: Um outro olhar

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Redação josef.santos

3 minutos de leitura

Tornar-se acompanhante tem significados diferentes para cada pessoa que entra para a profissão. Essa experiência tem tudo a ver como a forma que cada um se relaciona interiormente, ou seja, suas crenças e sua bagagem sexual durante a vida.

Os motivos também variam, claro, para a maioria. Se o fator motivacional é o dinheiro, não há problema nenhum, visto que, qualquer pessoa que não possui riqueza e precisa de um trabalho, vai fazê-lo, pois o dinheiro é importante para seu sustento e para proporcionar conforto.

O olhar da sociedade sobre acompanhantes

Em nossa sociedade existem diversos serviços de cunho bem pessoais, mas que são moralmente aceitos. Como, por exemplo: limpeza doméstica (quer algo mais íntimo que alguém lavando suas peças íntimas ou limpando seu banheiro?), babá de pet, babá integral dos filhos, depilação íntima, entre outras.


Se existem tantas profissões com grau de intimidade tão parecidos com o de um acompanhante, por qual razão a nossa profissão é vista como imoral, considerando que fazer sexo é algo tão comum?

Outro fator que uma pessoa leva em consideração quando opta por se tornar um acompanhante é justamente o sexo. Para muitas pessoas o sexo é como uma atividade física prazerosa, é algo que se faz porque gosta, por se sentir bem e por estar bem resolvido sexualmente.

No entanto, devido a uma série de questões culturais e religiosas, fomos induzidos a acreditar que gostar de sexo é pecado. A pratica de sexo com muitas pessoas nos leva direto para o inferno, é imoral. Profissionais do sexo são pessoas que não deram em nada na vida e mais um tanto de julgamentos infundados, que não tem lógica.

Falar sobre os benefícios da profissão não é um incentivo!

O primeiro ponto a se considerar é a fama tão ruim que a profissão tem socialmente. Por isso, falar abertamente sobre o assunto é motivo para outras pessoas te olharem estranhamente. Se o assunto é sobre defender os benefícios da profissão, tem que se preparar psicologicamente para receber críticas.

Não só, como também, correr o risco de sermos acusados de induzir ou atrair outras pessoas à prostituição. No Brasil, tal situação é considerado crime pelo artigo 228 do código penal. Em outras palavras, ainda que estejamos satisfeitos na profissão, não podemos falar bem dela.

E onde está o empoderamento?

Você, leitor, pode se perguntar: Se há mais ônus do que bônus em ser acompanhante, onde está o empoderamento? O empoderamento está exatamente nas coisas que não podemos contar publicamente sem sermos julgados ou acusados.

Um dia desses um amigo que tem experimentado contratar acompanhantes profissionais soltou a seguinte frase: cada dia eu percebo que pagar não me dá direito a pedir o que eu quero, só o que ela aceita.

Como diriam os advogados, pedir sempre pode, não há problemas nisso, porém, conseguir é outra história. Pois, o cliente tem todo o direito de dizer o que ele tem desejo em realizar, isso não quer dizer que qualquer profissional tem obrigação de fazer. E por isso, ele pode procurar um que esteja dentro das suas condições.

Por exemplo, se você contrata uma babá para os seus filhos, não pode exigir ou obrigar que ela limpe a sua casa, certo? Os termos do que o contratante quer e o que o contratado aceita fazer devem ser combinados na negociação.

O poder de escolha dos acompanhantes

Nesse sentido, então não, não aceitamos tudo que nos pedem somente por uma quantia em dinheiro. Assim como outros profissionais, temos nossos critérios, temos os nossos limites e temos as nossas políticas.

Esse é um dos muitos motivos que nos empoderam: a arte de dizer não. Diferente do que muitos ainda pensam, por estar numa profissão imoral no ponto de vista social, nós só aceitamos o trabalho ou o cliente se estiver conforme o que consideramos aceitável.

Sermos respeitados(as) é fundamental

Outro mito da profissão que nos empodera é o tipo de tratamento que recebemos. Se engana quem acha que somos mal tratadas ou que aceitamos esse comportamento. Independente de gênero, o(a) profissional só é mal tratada se não tiver respeito por si próprio, mas nesse sentido, a pessoa será mal tratada por qualquer um, inclusive pela própria família.

Todo profissional que tem respeito por ele mesmo, não aceita que outros o tratem diferente, é uma questão de amor-próprio, independente do ramo. Logo, quem tem consciência do seu valor não aceita menos que ser tratado com respeito e educação.

Aliás, esse é um dos nossos critérios para aceitar um atendimento. Se percebemos que o contratante foi mal-educado ou grosso, não há motivos para aceitá-lo como cliente. Trabalhamos com intimidade, não dá para ser íntimo de alguém que é desrespeitoso.

Independência financeira

Além de todos esses fatores, ainda ganhamos bem para a quantidade de horas trabalhadas. Somos nossos próprios chefes e gerenciamos o nosso tempo e a nossa rotina, escolhemos os dias que não queremos atender e muitas vezes ainda recebemos mimos ou um extra. Inclusive, falamos com frequência aqui na Fatal Model sobre a importância de ser independente financeiramente e como saber administrar seu tempo e dinheiro.

Reafirmar o nosso empoderamento na profissão não se trata de impor nosso estilo de vida, mas sim sobre nos resgatar do lugar onde a sociedade insiste em nos jogar, nos orgulhar do que realizamos e usufruir dos frutos que nosso trabalho nos traz.

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