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Rua Guaicurus em Belo Horizonte: centro de profissionais do sexo em Belo Horizonte

Rua Guaicurus em Belo Horizonte: centro de profissionais do sexo em Belo Horizonte

Foto de Redação josef.santos

Redação josef.santos

3 minutos de leitura

Centro da boêmia e dos profissionais que trabalham com sexo em Belo Horizonte, a Rua Guaicurus é famosa por muitos que conhecem e consomem serviços de acompanhantes no Brasil. Localizada no baixo-centro da capital mineira, Guaicurus pode ser considerada uma das maiores zonas de prostituição do país.

Só para você ter uma ideia, a região abriga cerca de 5 mil profissionais do sexo distribuídas em 25 hotéis – o que contabiliza mais de mil quartos – além, é claro, de todos os empregados dessa rede e do comércio local.

Você pode estar se perguntando: hotéis? É isso mesmo. Conhecidos como “sobe e desce”, são em antigos hotéis (já são mais de 80 anos de história) de vários andares e longas escadarias (daí a origem da expressão) que as profissionais realizam os seus atendimentos. 

Embora muitos pensem o oposto, os(as) trabalhadores(as) sexuais de Guaicurus tem orgulho e gostam do que fazem. Tanto é verdade que os moradores e frequentadores da localidade almejam espaço para o turismo local, abrindo portas para um maior desenvolvimento da região.

De um passado glorioso a um presente esquecido

A rua Guaicurus conta com cinco quarteirões de hotéis repletos de história. E o passado do bairro foi grandioso. Há pelo menos 80 anos, a região era considerada um espaço boêmio, lotada de bares e cabarés, majoritariamente frequentados por homens de todas as idades e classes sociais de Belo Horizonte. Alguns estabelecimentos, inclusive, contavam com profissionais vindas de outros países – o que atraía ainda mais clientes.

A noite era agitada, alegre e bastante segura. Mas esse passado, hoje, deixa saudades. A situação atual da região não é, nem de longe, semelhante ao que era. Guaicurus ficou abandonada ao longo de anos, e isso contribuiu para o básico fazer falta: limpeza, serviços sociais, infraestrutura e, principalmente, segurança.

A falta de segurança, aliás, é um dos motivos que levam as profissionais a realizarem seus atendimentos somente nos horários comerciais, entre às 8h e 23h. Depois que o comércio fecha, a rua vira um breu, com pouco policiamento. A região já nem pode mais ser caracterizada como “zona boêmia”, já que pouquíssimos botecos ficam abertos à noite.

Movimento Distrito Guaicurus: por mais visibilidade ao bairro

A ideia de explorar o potencial da rua Guaicurus, abrindo portas para um maior desenvolvimento e vitrine para a região não é de hoje. O proprietário de um dos vários hotéis do bairro criou o Movimento Distrito Guaicurus, para abrir a região ao turismo, à gastronomia e eventos. Ele quer que esse “boom” aconteça antes que “políticas higienistas” acabem com toda uma tradição de 80 anos em Belo Horizonte.

O movimento tem como uma das principais bandeiras desmistificar a região, iniciando pelo fim da ideia de que somente homens à procura de sexo são bem-vindos. Afinal, o entretenimento encontrado em Guaicurus ultrapassa as portas dos hotéis. Há espaço para todos os públicos.

Além disso, a maioria dos profissionais que trabalham por lá não admitem serem vistas como “coitadas” ou qualquer outra posição vitimista. Apenas querem exercer a profissão com dignidade, administrando seus papéis de mulheres, profissionais, mães e o que mais for preciso.

Por isso, o objetivo do Distrito Guaicurus é revitalizar a área, e não passar por cima de sua história. A ideia é levar museus, bares, restaurantes, teatro, cinema e shows, a serem frequentados por toda a população da cidade e, claro, por turistas, preservando a tradição dos hotéis. 

Há informações de que a Prefeitura já tem um projeto de revitalização para a área, mas não divulga detalhes e, até o momento, não levou em consideração as verdadeiras demandas de quem trabalha e vive por lá. 

Guaicurus conquistou as telas do cinema

Em julho de 2022 o cineasta João Borges apresentou às telas do cinema nacional o longa Rua Guaicurus, que mistura documentário e ficção, retratando diversos acontecimentos do famoso bairro. Aliás, justamente pela mescla de vida real e ficção, a trama aguça a curiosidade de quem assiste: afinal, o que é verdade e o que não é nessa história? E é isso que a faz ser tão envolvente.

Além disso, as profissionais do sexo retratadas no filme não são condenadas pelas suas escolhas. Não há, portanto, nenhum julgamento quanto ao trabalho que desenvolvem ou até mesmo visão que as vitimize.

Para quem chegou até aqui e ficou curioso para conhecer Guaicurus, assistir ao filme é uma excelente pedida. Mas, claro: o bairro sempre estará de portas abertas para receber a todos – e não apenas o público masculino.

As “portas abertas” a todos, aliás, é uma das formas de contribuir para o maior pedido de quem vive em Guaicurus: o fim do preconceito e da discriminação. O que a população de lá quer é que eles sejam simplesmente vistos como trabalhadores – sexuais ou não. Por aqui, aguardamos ansiosamente para que, em breve, possamos ver Guaicurus voltar ao glamour da vida boêmia passada, se tornando um dos pontos mais frequentados da capital mineira.

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