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Trabalhamos com a intimidade, mas não somos íntimos

Trabalhamos com a intimidade, mas não somos íntimos

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Redação josef.santos

3 minutos de leitura

Que sexo ainda é um tabu, e pelo visto será por muito tempo, não é novidade pra ninguém. E pessoas que falam abertamente sobre isso, e ainda trabalham com sexo como nós acompanhantes, passam uma impressão de serem mais acessíveis, sabe aquelas pessoas que a gente olha e sente que pode contar qualquer coisa? E é até legal esse sentimento, eu mesma acho um máximo quando me procuram e dizem que comigo o papo rola tão naturalmente que até parecemos amigos, porém não somos, e tampouco temos intimidade. Pareceu grosseira essa frase né? Mas deixa eu te contar o porque precisamos falar exatamente desse jeito.

Sobre Intimidade Unilateral

Com a internet tão presente na nossa vida, onde tantas pessoas postam o seu dia a dia, o que gostam, com o que trabalham, a intimidade a grosso modo mesmo, é natural que isso cause em quem assiste aquela sensação de conhecer de fato o outro, às vezes se sentem realmente amigos, mas vale lembrar que essa intimidade pode ser sentida apenas de um lado.

Por exemplo, você segue no Instagram um blogueiro, o acompanha diariamente há meses, às vezes anos, é esperado que você sinta que o conhece, mas ele nem faz ideia de quem você é.

Muitas acompanhantes como eu, por exemplo, falam abertamente sobre vida e trabalho, causando essa mesma sensação de intimidade no outro. E quando isso pode se tornar um problema?

Amizade precisa ser recíproca

Pra você ser realmente amigo de alguém, esse alguém precisa pelo menos te conhecer e saber que você existe não é mesmo? Isso parece ser algo complicado das pessoas entenderem nas redes sociais. Essa abertura que nós profissionais do sexo provocamos nas pessoas, delas se sentirem mais à vontade conosco, não pode ser confundida com amizade.

Uma coisa é a intimidade física, sexual, do toque, que para nós em algumas situações não passará de trabalho, outra coisa é a intimidade sentimental, de falar da vida, experiências, amores, relações, essa é a intimidade que só vai existir entre pessoas que se conhecem mutuamente e no mesmo nível íntimo.

Nem sempre queremos falar sobre sexo

Uma coisa bem cansativa, ao menos pra mim, é que quase todo mundo tende a puxar o mesmo assunto comigo, seja numa roda de conversa de bar ou numa rede social: é tudo sempre sobre sexo.

Pense aqui comigo, se você trabalhasse como advogado, e todas as vezes que viessem falar com você o assunto fossem leis, processos e coisas relacionadas ao que você já faz todo santo dia, seria um saco né? E além de se tornar chato, volta na questão da intimidade, não é porque trabalhamos com sexo que queremos saber sobre a transa da noite passada do fulaninho que nem conhecemos, é até falta de respeito, se torna uma forçação de barra tremenda.

É legal cumprimentar uma acompanhante na rua?

Isso é um assunto que venho falando muito em redes sociais por conta do desconforto que algumas pessoas nos causam. Muitas acompanhantes não são “assumidas” publicamente, então você cumprimentá-las na rua só porque as viu num site e acha que as conhece é extremamente desrespeitoso. Já as profissionais como eu que mostram o rosto e são mais “públicas” até pode, porém, depende. Isso é algo muito pessoal, algumas acompanhantes podem achar legal e outras não, então na dúvida não faça nada.

Eu já falei abertamente sobre isso, no meu caso eu acho até bacana que me cumprimentem caso me vejam na rua, mas essa pessoa precisa lembrar que eu posso não conhecê-la, ainda que ela sinta que me conhece, não temos NENHUMA intimidade, fora que cumprimentar significa dar oi, não confundam isso com puxar conversa às vezes até no meio da rua, além de ser falta de educação você pode estar atrapalhando. 

No fim das contas é tudo sobre respeito e bom senso, saibamos separar o real do virtual, amigos de pessoas conhecidas, e entender que o fato de trabalharmos com sexo não concede qualquer liberdade a alguém, seja pelo toque ou através de uma conversa.

Aviso: As opiniões apresentadas no texto representam o ponto de vista da colunista e não expressam, direta ou indiretamente, as opiniões da Fatal Model.

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