A vida é (bem) melhor com amigos, não é mesmo? Família, companheiro (a), colegas, seja quem for, o importante é se sentir acolhido e seguro ao lado de pessoas que inspirem confiança e que a gente possa contar a qualquer hora. Para profissionais do sexo, mais ainda.
Não é novidade para ninguém que acompanhantes costumam sofrer muito preconceito pela própria profissão – e isso, é claro, é um fator que torna a vida mais complicada. Por isso, qualquer coisa que possa ser feita para amenizar essa situação se transforma em um grande ato. Ter amigos para contar é um exemplo disso.
O que muitas vezes acontece é que, assim que entram para a profissão de acompanhantes, muitos profissionais acabam sendo isolados pelas pessoas que julgavam amigas. O resultado disso é uma solidão tremenda, que pode ser extremamente prejudicial para o/a acompanhante.
Profissionais do sexo costumam ter mais amigos no próprio meio de trabalho
Quem trabalha como acompanhante sabe que, possivelmente, terá a mente muito mais aberta do que muitas pessoas. Por isso é natural que velhas amizades (ou até mesmo os próprios parentes) vão perdendo espaço no círculo de relação: essas pessoas, por não entenderam a vida que o profissional leva (e, claro, por serem preconceituosas) acabam se afastando.
E não é um problema que os acompanhantes tenham mais amigos colegas de profissão do que de qualquer outra área – isso também é fundamental. A questão é que de fato não precisaria ser assim.
Já pensou que chato se você só conseguisse contar com a amizade e o respeito de pessoas que trabalham com você? Em um mundo tão plural e aberto, isso é extremamente limitante.
É claro que, a passos curtos, nossa sociedade já tem evoluído bastante. Hoje somos muito mais tolerantes que 50 anos atrás, por exemplo. Mas, até que ponto as pessoas estão de fato dispostas a abraçar (quase que literalmente) as diferenças?
Ainda é muito difícil para acompanhantes encontrarem amigos fora do seu círculo de relações. E mudar essa realidade compete a todos nós, enquanto sociedade.
Façamos um exercício: quantos acompanhantes você conhece? (caso não seja um – ou, faça a essa pergunta para outra pessoa que não seja do ramo). Mais ainda: você tem relação de amizade com algum acompanhante? Ou teria? É bem provável que as respostas para essas perguntas sejam frustrantes.
Auxílio é diferente de amizade
Quando falamos em rede de apoio aos profissionais do sexo não estamos nos referindo, por exemplo, a programas (como ONG’s) que arrecadam fundos para auxiliar essas pessoas – seja para oferecer ajuda financeira, psicológica, médica etc. Estamos falando de amizade real.
Isso porque esse tipo de atitude, embora benéfica e indiscutivelmente necessária, não irá suprir as carências afetivas desses profissionais – afinal, todo mundo precisa de amigos (que, muitas vezes, são nosso refúgio).
Portanto, julgar que ajudar financeiramente um/a acompanhante, ou prestar algum serviço para ele/a, seja sinônimo de amizade é algo totalmente equivocado. Amigos, de verdade, não fazem (somente) isso.
Amigos estendem a mão, abraçam, ajudam, apoiam e, principalmente, não julgam. Aliás, em um mundo já lotado de tantos julgadores, o que menos queremos é amigos desempenhando esse papel, não é mesmo?
Por isso, a mensagem que queremos passar, aqui, é: até que pontos profissionais do sexo têm amigos de verdade? Até que ponto você estaria disposto a oferecer a sua amizade a essa pessoa? Para lutarmos por um mundo melhor, livre de preconceito, precisamos de mais união e de mãos dadas – entre todos.