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Você também é uma mulher/homem da vida

Você também é uma mulher/homem da vida

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Redação josef.santos

2 minutos de leitura

A história da minha vida, nos últimos 10 anos tem sido permeada por críticas e olhares reprobatórios. Por isso, não me surpreende quando me perguntam – umas 200 vezes por dia – como eu lido com isso. A minha resposta é simples: Não lido, porque não tenho que lidar. Isso diz respeito muito mais ao autor do que ao objeto da fala. 

Geralmente, as mulheres que me chamam de puta, usando um tom pejorativo, não se incomodam apenas com a moral e os bons costumes que supostamente deveriam reger o mundo. O que dói nelas é, quase sempre, não ter tido a coragem para enfrentar a sociedade e viver as próprias vontades. Não estou dizendo que toda crítica dirigida a mim, venha de mulheres cujo desejo de ser puta tenha sido reprimido. Não se trata disso.

Os homens também ficam aviltados – não pela falta de colhões, já que lhes sobra coragem para serem abjetamente desagradáveis -, mas porque eu decidi cobrar. Nada mais repugnante do que uma mulher que detém os meios de governamentalidade do próprio corpo. Já diria Foucault…

Pra mim, esse argumento não faz o menor sentido. Afinal, quantos deles não se vendem por um emprego merda, sendo diariamente fodidos – não com a mesma sorte que eu – por um trabalho que mal paga a angústia de chegar ao fim do dia? Não seria isso prostituição? E do tipo que realmente deveria suscitar o sentimento de abjeção?

Na vida privada, a putaria continua. Uma Sodoma e Gomorra inteira de casamentos calcados em vantagens. Obviamente, só nos relacionamos quando há interesse pelo outro, seja por aquilo que ele é, por aquilo que ele tem ou que possui meios de conseguir. Então, não sejamos hipócritas: o interesse norteia as nossas escolhas de vida.

O erro está em tornar o interesse financeiro o único critério para o acasalamento marital. Digo erro não porque me atenho à moral e aos bons costumes, mas porque, nesse caso, o saldo transacional nunca será positivo. Afinal, quantas vezes essa put…digo, essa esposa, se virá obrigada a performar sexualmente sem a menor vontade? Pior: o pagamento recebido valerá a humilhação? Eliminará o abuso? Eu duvido muito.

Tendo esse panorama em vista, é compreensível que a reprovação seja a postura adotada e a marginalização, a ferramenta escolhida para lidar com as putas – as que são pagas por hora. Afinal, que afronta gozar a liberdade de fazer o que quiser com o próprio corpo, enquanto o ser humano médio só se fode e não goza. Um beijo, meritocratas!

Da minha parte, prometo ser ainda mais compreensiva com as agruras do cidadão/cidadã infeliz que insiste em me apedrejar e jura que eu sou uma pobre coitada. Quem pode culpá-los pela vida infame que levam? 


Já tinha feito essa reflexão sobre a vida? Deixe aqui nos comentários e acompanhe nossa colunista Gabi Benvenutti nas redes sociais clicando aqui. Leia também:

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